Que a vida é uma tômbola. Notas sobre o «Instituto de Estudios Gallegos» (1918)
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Ernesto Vázquez Souza
Para Ângelo Cristovão a enxergar futuros que movimentam presentes
Toman do rexionalismo as formas, o aparente; pro se gardan ben d’azeutaren a esenzia: a autonomía do país.[...] Os nosos caziques rexionalistas fan algo polo xeito: coidan qe o rexionalismo consiste en toca la gaita cando lles conbén aos diputados cuneiros, aos Alcaldes de Real ordre, aos conzexales firmós, aos saiós todos qe nos matan. Pero a libertá de Galizia qe a parta un raio.
Andrés Laxe Carballal, («Caraute do Rexionalismo nas bilas galegas», em Estudios Gallegos, 22, Dezembro, 1916.).
Como ainda temos fresco o caso de não dar dinheiros ao Novas da Galiza à vez que vozes variadas e trazidas a caso desde La Voz de Galicia a Vieiros passando por El Progreso teimavam em falar de fantasmas como os «mínimos», o novo mapa sociolingüístico ou da norma RAG anterior a 2003, vamo-nos adiantar nesta nossa lógica inconseqüente de historiadores e fazer uma collage preventiva sobre o mal estudado Instituto de Estudos Gallegos. Uma operação de diversificação montada pelo ínclito Manuel Casás e apoiada pela Voz de Galicia quanto pelo sistema político da Restauração, a fim de reflectirmos sobre o presente e de adiantarmos um futuro bem próximo.
Manuel Casás
A história enceta pelos primeiros dias do fundamental ano 1918. Para surpresa e mofa da Irmandade da fala, começa a artelhar-se na Reunión Recreativa e Instructiva de Artesanos da Crunha, e promovido pelo seu activo presidente o ex-alcalde Manuel Casás, um projecto de Instituto de Estudios Gallegos. O Instituto destinar-se-ia à análise das problemáticas da Galiza e enunciava como objetivo principal:
dedicar sus afanes al estudio de los problemas que más directamente se relacionan con su vida espiritual y económica. Para ello se organizarán diversas secciones que comprendan los varios asuntos que han de integrar la amplia y compleja materia de su conocimiento. [...] [CASÁS, Manuel, «Unas palabras», en Reunión R. e I. de Artesanos. Instituto de Estudios Gallgos, Conferencias del primer cursillo, Enero 1918, Zincke, La Coruña, pp. 3-5.]
Para isto organizar-se-iam várias Secções que se intitulariam:
1ª Filología y Literatura.
2ª Ciencias Históricas
3ª Ciencias exactas, físico-químicas y naturales.
4ª Estudios Económicos.
5ª Estudios Sociales.
6ª Estudios pedagógicos
7ª Bellas Artes. [ibidem]
Indicava Casás que objecto principal do Instituto radicado no Circo seria a organização de palestras, investigações, informações, memórias e a publicações destas e:
Como base principal de nuestra labor, nos proponemos organizar en la excelente Biblioteca de este Centro [...] una sección especial dedicada a Galicia. [ibidem]
O Instituto apresenta-se com uma bela operação publicística, amplamente recolhida pela imprensa, que se iniciaria com um curso-congresso em Janeiro de 1918, recolhido em: R. R. e I. de Artesanos. Instituto de Estudios Gallegos, Conferencias del primer cursillo, Enero 1918, Zincke hnos. La Coruña, 1918.
As críticas à constituição e organização destas conferências quanto as negativas de intelectuais galegos a participarem da farsa, podem-se consultar no irônico e muito actual artigo: «Lembrándonos do P. Cobos. Instituto d’estudos sin estudos», ANT, 44, 30-1-18.
Os temas tratados no primeiro Curso do Instituto de Estudios Gallegos oferecem uma boa perspectiva da intenção com que nascem. As palestras, amplamente destacadas em La Voz de Galicia foram:
El Regionalismo gallego en su aspecto confesional, monárquico y unitário, Conferencia pronunciada por D. Alfredo García Ramos, Abogado, Secretario de la Audiencia Territorial de Galicia, Director de El Ideal Gallego, en 20 de Enero de 1918. pp. 9-25.
La Lengua Gallega, por D. Fernando Martínez Morás, Catedrático de las Reales Academias de la Historia y Gallega, Secretario general del instituto de Estudios Gallegos. pp.29-45.
De los renacimientos literarios y de otras cosas más, Por D. Juan Barcia Caballero, Catedrático de la Universidad de Santiago, Académico de número de la Real Gallega,etc. pp. 47-58.
Galicia y sus relieves, Conferencia en la Reunión R. e I. de Artesanos en 30 de enero de 1918 por Don Verardo(sic) García Rey, capitán de Infantería, capitán de la Academia de Toledo. pp. 61-77.
Galicia: su raza y su gênio, Conferencia leida e n la Reunión R. e I. de Artesanos en 31 de enero de 1918 por Antonio López Carballeira, Canónigo de la S.I. primado de Toledo, publicista. pp. 81-113.
O jeito que se desprende dos textos dos relatórios é o do regionalismo conservador que se enunciara na polêmica «Fiesta de La poesia gallega» em Ourense (Junho de 1917) e se continuará na Semana Regionalista de El Debate (Santiago, Julho 1917) e ainda nos «Xogos frorais» de Betanços em Julho de 1918. Regionalismo moderado aliado do tradicionalismo e espanholismo folclorista. Estes actos, autonomeados de Regionalistas, combatidos e torpedeados com grande polêmica pelas irmandades vão ser os que irão evidenciando a necessidade para as Irmandades mudarem o nome para Nacionalismo. O que finalmente se fará efectivo no Manifesto de Novembro de 1918 .
I.- Previa
Tendo a Galicia todal-as características esenciaes de nazonalidade, nós nomeámonos, de oxe pra sempre, nazonalistas galegos, xá que a verbe «rexionalismo» non recolle todal-as aspiraciós nin encerra toda a intensidade dos nosos problemas.
«Ao Pobo Galego. Manifesto da Asambleia Nazonalista de Lugo», 18/11/1918
Característico deste Regionalismo «Sano y bien entendido» é uma insistência maníaca na predominância da língua castelhana sobre a galega, um claro anticatalanismo, um regionalismo cultural, uma constante profissão de amor à pátria chica e fé patrioteira na grande e uma apocalíptica chamada aos supostos perigos que a unidade nacional de Espanha e a língua castelhana estava a sofrer pelas pretensões espúrias dos Regionalistas radicais. (vid. «Estudios gallegos. La Conferencia de ayer», El Noroeste, 21-11-1918).
É preciso ter em conta que nesse momento a palavra Regionalista já estendera o seu campo léxical e está de moda tal e como na década anterior estivera Regeneração. O êxito crescente, desde 1915, dos catalanistas da Lliga liderados por Cambó chegara no verão de 1917 ao seu cume quando puseram (prévia à greve-revolta de Agosto que vai arrefecer os ânimos da burguesia catalanista) em xeque a Restauração com a Assembleia de Parlamentários de Barcelona, referência para todos os republicanos e democratas e cujas conclusões levará Porteiro Garea no seu programa como candidato a Deputado em 1918.
Mas voltando aos relatórios. Especialmente virulentos nesta linha são os do Director de El Ideal Gallego, o de Barcia Caballero e o de Martínez Morás.
O ataque do primeiro não é surpresa alguma. O 1 de Abril de 1917, El Ideal gallego era fundado pelo crego José Toubes co lema de Diario Católico, Regionalista e Independiente, como efeito da influência regionalista que vinha do Leste. Não obstante, intenções e colaboradores (entre eles Blanco Torres, desde Março do 1917 a Fevereiro de 1919) logo se revelará um vozeirão da mais pura reacção, especialmente virulento no antinacionalismo do seu director chefe: Alfredo García Ramos.
García Ramos, neno-bem da burguesia crunhesa com juventude republicana e boémia, já percorrera um interessante caminho desde as filas republicanas pelas rotativas crunhesas e madrilenas até às conservadoras. Desde Tierra Gallega (onde dito seja de passada já abrira as portas em 1906 aos contrários à Academia Galega). Desde 1917 terá a sua mira liberal atenta no teatro Regionalista, especialmente no de Cabanillas (A Man de Santinha, desatará uma crítica feroz dele em 1919) que terá por mui perigosa propaganda destinada a impor o uso do galego.
O Ideal formará parte da ofensiva da direita católica na primeira e segunda década do século, permanecendo calmo, no período da Ditadura de Primo de Rivera, como oposição no primeiro biénio da República e, virulentamente, ante as eleições de 1933 e em 1936. (Sobre este jornal e as suas actuações políticas e lingüísticas nestes anos uma boa análise em: GARAZO, Antón, «Os anos evadidos: redactor de El Ideal Gallego», em Roberto Blanco Torres. O combate incesante, A Nosa Terra-A nosa Cultura, 20, Promocións Culturais Galegas, Vigo, 1999 pp.17-25).
Juan Barcia Caballero continuaria as polêmicas que desde o último terço do século anterior mantivera contra Murguia, os membros da Cova Céltica e a Liga Gallega, evidenciando que ser membro do status obrigava. O Decano de Medicina, popular autor em galego «popular», grande defensor do «X», das formas da «fala viva» e destacado «anti-aoísta» resistia-se de velho tanto à aproximação para uma ortografia etimológica «portuguesizante» quanto à identificação de Língua galega e causa nacional:
En amor a Galicia, a iso con frase non sei astra qué punto gráfica, atinada, douse en chamar pequena pátria, non penso que naide me gane, nin siquera me vaia ós alcances; pero teño a ise respeuto certas ideas propias que quizais non son as de todos. Non se me antoxa por caso que pra facer profesión de Fe gallega, seia preciso falar sempre i en todas partes na nosa lengua, como si niso soilo consistira todo; e moito menos, por de contado, si com eso se quer ou se intenta dar a entender menosprecio ou abafallo pra a castellana. Gallego de corazón, non penso que ise amor á miña terra poida opoñerse nunca ó meu amor a España; e si no meu peito tem um altar a bandeira azul e branca, outro non menos santo nin menos reverente tem a gualda e roxa, e asi como non sei tolerar, nin quero, que diante de min se aldraxe a Galicia, do mesmo xeito nin sei, nin quero facelo que se faga a España. Tan gallego coma o que mais, pero tan español coma gallego (Juan Barcia Caballero: «Discurso Contestación [de ingreso na Academia Galega]», em BRAG, ano V, nº 35, Coruña, 20/04/1910, p. 252-257).
Barcia Caballero publicara o ano anterior uma longa crítica literária a «Da terra Asoballada», (El Eco de Santiago, 8-8-1917) que fora em realidade um duro ataque contra a nau de proa da nascente literatura política. Nessa resenha literária chegará a intitular o movimento de revolucionário e separatista, contextualiza mui correctamente o carácter simbólico de quem os crunheses vêm de nomear como novo vate em substituição do recentemente falecido Eduardo Pondal.
López Carballeira como F. Martínez Morás, figuram entre os redactores do primeiro número de ANT, («A xente d'este boletín. Redautores e colaboradores», A Nosa Terra, 1, 14-11-1916), ainda que bem aginha se afastarão deste regionalismo político a virar em Nacionalismo. Como destacou Vitor Casas:
Resulta certamente curioso ollar cómo algúns dos nomes que nos seus comenzos figuraron como colaboradores, por figuraren tamén nas Irmandades, cando éstas eran ainda unha cousa sin defiñir nin intervención na política galega, foron máis adiante nemigos do galeguismo atal e como nós o sentimos e practicamos que naturalmente garda do concepto dos outros unha longa distancia.
Foi o tono de progresivo acentuamento nacionalista, francamente nacionalista, que Vilar Ponte imprimiu ao boletín o que á par que ia creando unha concencia n-ese senso determiñaba o alonxamento dos que non pasaban máis aló do «rexionalismo». «A Nosa Terra» foi unha mañifica peneira. (Vítor Casas Rei, «Historia sintética do boletín A NOSA TERRA», Nós, 139-144, Xulio-Nadal 1935, p. 183-185.)
López Carballeira, foi um sacerdote e escritor à moda, dos líricos, atento por vezes a temas polêmicos mas inofensivos: Santos galegos, história local, maçonaria, questão e mistério do feminino (não feminismo nem reivindicação da igualdade), as novas religiões, teosofia. Um regionalista.
Fernando Martínez Morás
De especial interesse, poderíamos classificar o discurso de marcado carácter antigaleguista, tanto no político como no lingüístico de Fernando Martínez Morás (A Cruña, 1885-León, 1937). Este activo publicista crunhês, filho de Andrés Martínez Salazar foi mudando o seu inicial e incipiente regionalismo. Membro da Academia Gallega, na que colabora desde os primeiros números do Boletim e membro fundador da Irmandade e colaborador de ANT (Vg. editorial 24-11-1916) foi passando do republicanismo ao liberalismo primeiro, com uma progressiva assimilação a elementos mais conservadores, até se posicionar, mesmo a favor dos alçados em 1936.
Secretário do Circo de Artesanos no agitado período da Presidência de Casás (1909-1921) e envolvido com ele nas estranhas vendas de terrenos a Dionisio Tejero (director proprietário de El Banco de La Coruña, financiador das Campanhas localistas de Casás como Alcalde (1916-1917) e accionista de La Voz de Galicia) assumiu a secretaria do Instituto de Estudios Gallegos.
Nas eleições de 1920 foi eleito concelheiro pelo partido Liberal democrata de García Prieto, com apoio de La Voz de Galicia. É, como secretário da Real Academia Galega, desde 1927 até à sua morte um dos principais responsáveis pola mudança de carácter que tem a entidade entre a morte de Murguia (1923) e a presidência de Lugrís (1934-1936).
Em 1933 torna-se secretario do Partido Republicano Conservador de Miguel Maura, derivando para a direita e secundando o Golpe de Estado de 1936. Morre na frente, como jornalista de guerra. Homem de La Voz de Galicia, da qual chegará a ser principal redactor e constante presença em actos culturais localistas. Secretário de Manuel Casás exemplifica o intelectual protótipo que actuará decote às ordens do status quo. Sendo favorecido com diversos postos: Professor da Escola de Comercio; Redactor chefe de La Voz de Galicia, Secretário da RAG, Idem da Academia de Belas Artes, Estudios gallegos, Partido Republicano Conservador, Presidente da Filarmônica, Vocal da sociedade de rádio-escuita...
É evidente que o conteúdo das palestras é contra o êxito que desde Março de 1917 está a ter o movimento associativo das Irmandades da Fala, cada vez mais virado à intervenção sócio-política. O Instituto de Estudios Gallegos aparece justo no momento que as nascentes Irmandades consideram apresentar-se às eleições a Cortes de 1918, contando com o apoio da Lliga e do próprio Francésc Cambó, que comprará para a propaganda regionalista na Galiza (sonhando provavelmente com uma aliança regionalista catalano-galaica) o jornal crunhês El Noroeste. (Mas esta é uma mui longa e escabrosa história).
A 2 de Fevereiro de 1918, anunciaram-se os candidatos a deputados e a Irmandade da Fala começa um ciclo de palestras. Inaugura Villar Ponte apresentando a Johan Vicente Viqueira quem desenvolve o tema «Os problemas educativos de Galicia». A 3 de Fevereiro, chega de combio à Crunha Pedro Rahola chefiando uma representação do catalanismo, a quem aguardavam Pedro Muntañola (homem de Cambó radicado na Galiza) e um pequeno grupo de Irmãos da Fala, os quais, segundo a imprensa da época «saludaron a los viajeros con aplausos y vivas a Cataluña y a Galicia libres». («Elecciones. La Campaña Regionalista», El Orzán, 4-2-18).
As oito da noite do mesmo 3, no local da Irmandade, o catedrático auxiliar da Universidade de Compostela Luis Porteiro, inaugurava a campanha com uma palestra-comício intitulada «A nosa loita». A oratória de Porteiro foi recebida com calor e entusiasmo, centrou-se na campanha eleitoral, versando sobre o caciquismo e manhas nos outros candidatos e manifestou a sua oposição ao sistema político actual. Depois falaram Vilar Ponte e o Sr Rahola que manifestou a sua fé na renovação de Espanha. Para findar cantou-se o Hino e acompanhou-se aos catalães até à sua hospedagem (Dados em El Orzán e La Voz de Galicia, 4-2-1918).
A campanha regionalista foi terrivelmente atacada por quase toda a imprensa galega. Especialmente hostis mostraram-se as páginas de La Voz de Galicia de Janeiro e Fevereiro de 1918, que fazem campanha a prol do seu principal acionista José Mª Ozores de Prado.
Na secção «Tribuna libre» de Janeiro e Fevereiro desenvolver-se-á uma linha de opiniões anti-regionalistas, baixo uma aparente linha objectiva de debate «Tribuna Libre. Cartas al Sr. Cambó. Sobre el regionalismo político y económico de Galicia», La Voz de Galicia, 24-1-1918. Continuado com artigos de Casás, ataques direitos, sem possibilidade de réplica (o que se denunciará satírico em ANT).
Recolhem-se, entre estas opiniões e comentários anti-regionalistas, em destaque as amplas resenhas dos actos e discursos do Instituto de Estudios Gallegos:
- «En el Circo de artesanos. Instituto de Estudios Gallegos», La Voz de Galicia, 18-1-1918
- «En la Reunión de Artesanos. Estudios Gallegos», La Voz de Galicia, 21-1-1918
- «En la Reunión de Artesanos. La conferencia del Sr. Martínez Moras», La Voz de Galicia, 23-1-1918;
- «En el Circo de artesanos. La Conferencia de Barcia Caballero», La Voz de Galicia, 28-1-1918;
- «De la reunión de Artesanos. Conferencia del Capitán García Rey», La Voz de Galicia, 30-1-1918
- «Estudios Gallegos. La conferencia del canónigo López Carballeira», La Voz de Galicia, 1-2-1918; tamén 8-2-1918.
Não casualmente numerosas páginas de opinião são ofertadas às duras palavras do próprio Manuel Casás (e de Martínez Morás):
- «Tribuna libre. El Regionalismo en Galicia. El idioma y el imperialismo catalán», La Voz de Galicia, 13-1-18
- «Tribuna libre. El Regionalismo en Galicia. La resurrección de los dialectos locales», La Voz de Galicia, 22-1-18;
- «Tribuna libre. El Regionalismo en Galicia. Las regiones se españolizan por el idioma», La Voz de Galicia, 2-2-18;
- «Tribuna libre. El Regionalismo en Galicia. Restauración de los idiomas nacionales. Los Felibres», La Voz de Galicia, 2-2-18;
- «Tribuna libre. El Regionalismo en Galicia.Enseñanzas de la última jornada. Mirando al porvenir. Acción Gallega», La Voz de Galicia, 28-2-18.
Barcia Caballero escreverá também sobre «Regionalismo»: La Voz de Galicia, 26, 27 e 30 de Janeiro, 1918. E, também nesta série é de destacar, a uma vez mais pontual, entrevista a Noriega Varela, escritor «diglóssico» nada favorável à politização do galeguismo e do galego: «El Cantor de Nuestra Montaña. Noriega Varela», La Voz de Galicia, 5-2-1918.
Barcia Caballero
La Voz de Galicia do 16 de Março de 1918, anuncia a segunda série de palestras do Instituto, que agora conta com uma subvenção de 500 pesetas concedidas pelo Marquês de Alhucemas, em nome da presidência do Conselho de Ministros e que seriam dedicadas a imprensar as Conferências do primeiro curso.
O Instituto, curiosamente, esvai-se, passado o susto das eleições (cuja análise deixamos para outro dia) e depois da rotura do Catalanismo com o Nacionalismo galego em Agosto de 1918 motivado tanto pelo controlo de El Noroeste como pelas inclinações dos homens de Cambó (Muntanyola e Rahola) mais favoráveis ao regionalismo espanholeiro que é quem leva finalmente os votos às cortes.
26 de Setembro de 1918, porém, é a data em que aparecem assinados os Estatutos desta sociedade.
Artículo 1º. El Instituto de Estudios Gallegos tiene por misión investigar sobre todos los aspectos de la vida regional, fomentar la constitución de una completa "Biblioteca de Galicia", y difundir sus estudios, procurando el acrecentamiento de la cultura y del interés de los habitantes del país en asuntos de carácter galaico. [Estatutos del Instituto de Estudios Gallegos. Junta de Gobierno, Garcybarra, La Coruña 1918.]
Nessa altura, as definições do Instituto, mais ambiciosas e completas, parecem fazer eco das palavras de Porteiro sobre a necessidade de criar uma espécie de Seminário de Estudos Galegos na Universidade, vertidas no seu breve ensaio A los gallegos emigrados (PORTEIRO GAREA, Luis, A los gallegos emigrados, Propaganda das Irmandades da Fala, La Papelera Gallega, La Coruña, 1918, p. 23).
A aparição dos estatutos é saudada, desde A Nosa Terra, como uma espécie de refundição de carácter propagandístico. Para os redactores de A Nosa Terra, muitos sócios do Circo, a atitude de Casás soa a auto-elógio e preparação da sua volta à política. A 15 de Setembro inclui a seguinte nota, na secção «Peneirando» do idearium irmandinho, com todas as chaves de oposição:
Constituíuse un Instituto de Estudos Gallegos na Cruña. ¿Pero non se constituira já o ano pasado? Parécenos que si. E aquele instituto, o mesmo de agora, non servirá para nada.
Porque o que nele estúdese, ja se ven estudando na “Academia Gallega”. Servirá para erguer vanidades e para apoiar inconscientemente ao centralismo. Será enimigo do noso idioma. Polo mesmo amigo da despersoalización de Galicia.
Mais todo isto non é o objeto do Instituto. E outro ainda. É cousa de imitación. Mais de mala imitación ou de imitación do malo.
Porque o Instituto de Estudos gallegos –valeiro do espírito que tivo o de Ribalta- non semellaráse nen ó de Euskadi, nen ó de Cataluña.
Será un Instituto que nace con o pensamento de organizar unha gran Asambleia, onde os estudos sejan o de menos e onde as festas collan ben: Un Instituto que ten por fin – ou moito nos trabucamos- conseguir que o Rei veña a Cruña, como foi a Oñate.
A raiña Galicia, libre e soberana, dentro dunha forte confederación; a terra irredenta, isa... pouco lles importa á maioría de estudantes do novo Instituto.
Verédelo logo. (Destacados nossos) [A Nosa Terra, 69, 15-10-1918]
A presidência de Manuel Casás e a secretaria de Martínez Morás de forma vitalícia, o cariz conservador e culturalista que toma a sociedade (a pesar de contar na sua presidência honorária com Murguía e Martínez Salazar e nas suas Secções com Ugio Carré Aldao ou Cesar Vaamonde Lores), faz-se rapidamente alvo das críticas de A Nosa Terra. («Una interesante carta. As mañas do laberquismo rural no ‘Circo d’Artesanos’», ANT, 72, 15-11-18. Réplica de Martínez Morás e contrarréplica «O do ‘Circo d’Artesanos’», ANT, 73-74, 5-12-18).
Os diversos achegamentos e distanciamentos de um home do sistema, Manuel Casás a estas figuras só obedece a uma práctica de legitimação em instituições que lhe haviam servir de plataforma (Circo, RAG). Pois pouco depois começará uma projeção que o levará a ganhar para as actividades do seu Instituto a subvenção que a Deputación crunhesa acordara para a Academia Galega, que, neste ambiente, continuava a ser vista como uma contra-instituição.
O Instituto de Casás, continuará o seu fantasmal labor, sendo recuperado em momentos de interesse para o sistema, especialmente ante o processo estatutário, para o que ressuscitando elaborará um localista e minguado Projecto de Estatuto de Autonomia em 1932. Para ver cumpridos os projectos de Porteiro, haverá que esperar até à fundação do Seminário de Estudos Galegos no ano 1923.
Porém, a influência de Casás no Circo só se manterá até 1919. Trás 8 gerências consecutivas dele, uma operação conjunta da Irmandade e os republicanos próximos a Médico Rodríguez, substitui-lo-ia da Presidência. Logo de debater em assembleia muito quente as vendas de solares, pouco claras, realizadas a favor de Dionisio Tejero, a RR e I de Artesãos elegeu nova directiva em 14 de Dezembro. Manuel Casás e Martínez Morás nunca devolveram, ainda o requerimento judiciário suspeitosamente congelado depois da proclamação da Ditadura de Primo de Rivera, os livros de contas e vários documentos da Sociedade.
E chega por hoje. Ia dizer clássico e solene aquilo de «Nihil novum sub Sole» e até fazer de futurólogo a respeito dos mortos que ressuscitarão, os ataques que se poderão ler, as saudosas entrevistas e os caminhos que reabrirá a imprensa galega em quanto a Academia Galega da Língua Portuguesa encetar o seu caminhar ou quando como efeito de uma vontade colectiva os diferentes núcleos associativos reintegracionistas se façam mais e mais presentes na sociedade, mas -como sei pouco latim- prefiro as razões de Marisol e saber que «a vida é uma tômbola».
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