Galiza: Berço da Lusofonia
- Publicado em Info Atualidade
Arcos OnLine comemora o Dia das Letras Galegas
com o lançamento das actas do V Colóquio Anual da Lusofonia
Arcos OnLine - Galiza: Berço da Lusofonia reúne a totalidade dos textos apresentados ao V Colóquio Anual da Lusofonia, que decorreu em Outubro de 2006, na cidade de Bragança, sob o título «Do Reino da Galiza até aos nossos dias: a língua portuguesa na Galiza». Os Colóquios Anuais da Lusofonia são a única realização regular, concreta e relevante em Portugal nos últimos cinco anos sobre a temática da Lusofonia.
A publicação apresenta em primeiro lugar o discurso inicial de Chrys Chrystello e o prólogo de Ângelo Cristóvão. A seguir figuram as 25 comunicações dos oradores, distribuídas por dois temas principais: Galiza e estudos de tradução. A primeira parte dá uma amostra das diferentes percepções sobre o Português da Galiza, estando representadas personalidades de diferentes associações culturais, como a Associaçom Galega da Língua (AGAL), Movimento Defesa da Língua e Associação de Amizade Galiza-Portugal. Na segunda parte, analisa-se a relevância e problemática das traduções nas suas diferentes vertentes.
Galiza: berço da Língua de Camões
A secção relativa à Galiza começa com Alexandre Banhos relatando pormenorizadamente o processo de oficialização do Galego nas últimas décadas. Seguidamente, António Gil apresenta uma análise de discurso que permite obter uma visão dos condicionamentos ideológicos da criação da Real Academia Galega, quase exactamente no centenário da sua constituição. Destaca-se ainda, pela sua relevância, a palestra (e debate posterior) do Prof. Doutor Martinho Montero, catedrático da Universidade de Vigo, que justificou e debateu a necessidade de criar a Academia Galega da Língua Portuguesa.
Numa linha diferente, Xosé Ramón Freixeiro, professor da Universidade da Corunha e membro da Asociación Sociopedagóxica Galega, ofereceu uma visão mais crítica a respeito da unidade da língua, insistindo em que «o português da Galiza deverá denominar-se galego, na mesma medida, pelo menos, em que o galego de Portugal e do Brasil se denomina português», contribuindo deste modo para mostrar a diversidade de perspectivas existentes na sociedade galega a respeito da questão da língua. Um panorama dos problemas para a edição e difusão dos media em português, e o seu valor para a normalização linguística da Galiza, pode obter-se das palestras de Gerardo Uz e Héctor Canto. Lino Moreira e António Bento, respectivamente, deram uma visão do problema da língua da Galiza de uma perspectiva portuguesa. Isaac Alonso deu a conhecer aos participantes um importante contributo lexicográfico galego de valor para toda a lusofonia: o Dicionário Electrónico Estraviz, que pode ser consultado online na página da internet da AGAL. A brasileira Zenóbia Cunha apresentou outra contribuição lexical, o Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica, explicando o modo como podia ser proveitoso para a recuperação do galego.
De música, da sua universalidade e variedade falaram Rudesindo Soutelo e José Luís do Pico. O primeiro apresentou o Corpus Musicum Gallaeciae, colecção que recolhe alguns dos melhores autores de música culta galega, enquanto o segundo deu exemplos da unidade do folclore galego-português. Das diferentes propostas ortográficas existentes falou Luís Fontenla. Ainda, da promoção da língua portuguesa no sistema educativo da Comunidade Autónoma Galega, falou Carlos Figueiras. Da organização e actividades do Movimento Defesa da Língua tratou a palestra de Teresa Carro. Da Universidade da Corunha participaram Maria Vilarinho, que analisou aspectos da obra e tratamento de Rosalia de Castro; Marisa Moredo, que tratou «Os marcadores conversacionais como marca de cortesia no galego actual», e o professor Xosé Manuel Sánchez, que salientou a unidade da língua através do exemplo da língua do romanceiro transmontano.
Na sua diversidade, o volume publicado pela ArcosOnline representa assim um exemplo da colaboração entre personalidades e associações que, mantendo divergências a respeito de questões como a formalização gráfica da língua, compartilham um mesmo projecto nacional de normalização linguística na Galiza. Longe de perspectivas pessimistas ou saudosistas, os projectos e actividades representadas demonstram a vitalidade do movimento cultural lusófono.
Repensando a tradução e o ensino das línguas
No apartado de traduções a Prof. Adelaide Ferreira apresenta um texto contrastivo, O Schrifstella (sic!), Zé do Rock, que levanta a curiosidade pela diversidade, justificando com exemplos a conveniência de conhecermos outras línguas e culturas, como a alemã, para enriquecermos a nossa, não só no léxico, como também através de outras perspectivas. Anabela Mimoso apresenta experiências de edição bilingue, com exemplos de relacionamento lusogalaico. Barbara Terseglav, desde a experiência eslovena, fala-nos da distinção entre tradução e interpretação, além de demonstrar-nos como a tradução pode ser um «instrumento de preservação e revitalização linguística». Isabelle Oliveira salientou a importância do ensino das línguas estrangeiras no ensino, e as políticas europeias neste sentido. Kelson e Jacqueline Araújo apresentaram uma experiência brasileira de introdução dos aplicativos computadorizados como auxílio à tradução.
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