Um 14 de abril histórico para a Galiza

Alexandre Banhos na Sessão Interacadémica

Alexandre Banhos

O 14 de abril para os espanhóis é a lembrança duma festa popular que se correspondeu com a proclamação da segunda república1. A partir de ontem o catorze de abril vai ser data a festejar tamém no calendário cívico galego.

Nos dous últimos anos o reintegracionismo todo está tendo avanços no relacionamento e reconhecimento institucional em Portugal como antes nunca2, pois infelizmente isso não ia além de ser um sonho no âmbito institucional, sem esquecermos o reconhecimento de que a nível individual o reintegracionismo já muito tinha alicerçado nesse relacionamento, eis como bom exemplo os grandes Congressos Internacionais da Língua organizados pola AGAL, ou os da Associação Internacional de Lusitanistas.

Há agora um ano, em 7 de Abril de 2008, o reintegracionismo todo estava convidado a falar num ato ordinário da Assembleia da República Portuguesa (Parlamento) e sobre nada mais nem menos que o assunto comum da língua, a nossa língua internacional3, plural como todas as línguas internacionais.

Nestes dous anos todos ajudamos4 desde o reintegracionismo, cada pessoa de acordo com as suas possibilidades e capacidades para que na Galiza por fim existisse uma Academia da Língua5 que se pudesse relacionar em pé de igualdade com as academias do Brasil e Portugal.

A AGLP nasceu com os melhores agoiros e com a bênção das suas irmãs mais velhas. O ansiado acordo ortográfico uniformador da escrita, que muito foi desejado de sempre na AGAL no contraste da nossa língua com as outras quatro grandes línguas internacionais e nomeadamente o espanhol, por fim é um feito.

O dia 14 de abril no formosíssimo salão da Academia de Ciências de Lisboa, tivo lugar a primeira reunião solene de todas as academias existentes da língua portuguesa, a nossa, pois por esse nome é conhecida internacionalmente.

Estava em pleno a Academia de Ciências de Lisboa Secção de Letras e muitos membros da Secção de Ciências; a Academia Brasileira de Letras (Rio de Janeiro) com uma muito considerável representação dos seus membros; a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), com igualmente uma importante representação. A Direção da Academia de Letras da Bahia. Acompanhavam as seguintes autoridades: os embaixadores de todos os países lusófonos em Portugal; a representação da embaixada espanhola no seu agregado cultural, ao estar presente uma instituição pertencente ao Reino de Espanha; os embaixadores ante a CPLP; o ministro e autoridades de Cultura de Portugal e das suas universidades, e representantes vários de todos os países presentes e os da comunicação social. Pola Galiza estava presente este Presidente da AGAL, e infelizmente faltavam autoridades políticas que foram devidamente convidadas e da comunicação social.

Presidiam a sessão, os Presidentes das Academias de Portugal, Brasil e a Galiza.

Gostei imenso dos discursos mas não vou trasladar aqui as minhas notas de todos os seis oradores, já que nos próximos dias há haver muita informação do evento, mas vou salientar do discurso do último dos oradores, o professor Adriano Moreira, as seguintes palavras: A língua não é nossa dos portugueses, nós temos a língua igual que a têm os brasileiros, galegos, angolanos... a língua constrói-se nas beiras do Sar e no mato brasileiro, a língua é um património comum de todos que não pertence a ninguém.

Eu por causas de trabalho não pude fazer a viagem com o resto da delegação galega, o dia 13 às 10 da noite ainda estava numa reunião e o dia 14 às 6 horas da manhã partia de carro para Lisboa. Essa manhã ainda tive tempo de fazer algumas gestões em Lisboa a ver com próximas atividades do reintegracionismo e com as possibilidades de chegarmos a distribuição dos nossos livros em Portugal. No carro levava uma caixa cheia de livros nossos para a biblioteca da Academia e para agasalhar aos amigos, pena não fossem muitas mais caixas, pois logo todos desapareceram.

Fum das primeiras pessoas em chegar à sede da Academia, onde falei com muitos amigos, e de passo nasciam outros novos, fum tratado com grande carinho e consideração que sei que era na minha pessoa para todos os nossos associados e para o povo galego em geral. Aguardo cumprir a minha palavra e em julho deste ano deslocar-me ao Brasil para continuar alargando os tecidos que nos atam. 

José-Martinho Santalha, presidente da AGLP, co-presidiu a sessão

José-Martinho Montero Santalha, presidente da AGLP, co-presidiu a sessão

Notas:

1 A república foi um período democrático nos anos 30 do século passado no estado espanhol, que foi apagado sob o terror fascista. Ao falar do terror não estou a pensar na guerra que desatou a sublevação militar, estou pensando na aplicação sistemática do terror à população como instrumento político, terror que é bem doado ainda de se perceber a pouco que se ranhar na pele do povo da Galiza.

Hoje reconhece-se que bem mais de um ¼ de milhão de pessoas foram executadas e desaparecidas. No pequeno esforço do juiz Baltasar Garzon para sacar a luz estes temas da "memória histórica", em só quatro meses já fora feito um pequeno inventário que se afirmava longe de completo, de 222.749 pessoas executadas extrajudicialmente e desaparecidas. E sem esquecer o role do aparelho judiciário nunca expurgado nem depurado na aplicação dessa doutrina terrorista.

No ano 1952 o Fiscal Geral do Estado Espanhol gabava no seu relatório anual a magnanimidade do "el Caudilho", pois só se levaram a cabo (sic) 12.852 execuções com o "garrote vil" nos últimos anos, frente aos milhares e milhares de condenados cuja pena de morte foi comutada ou indultada pólo "el Caudilho". Tal magnanimidade e amor ao próximo é bem lógico que pola igreja católica universal espanhola fosse devidamente abençoado, com o reconhecimento de que o "el Caudilho" nas igrejas devia entrar e estar sob o pálio no mesmo grau que o Santíssimo.

2 Tamém no reconhecimento institucional na Galiza, tanto no relacionamento com as instituições como no relacionamento com empresas e entidades para os que resultávamos absolutamente marginais.

3 Com esta campanha por primeira vez o reintegracionismo estivo no dia a dia em todos os meios de comunicação de todos os países da lusofonia (todos).

4 Nisso ha que destacar o trabalho pessoal e infatigável de Ângelo Cristóvão e a razão pacífica e tranquila do professor Martinho Monteiro Santalha.

5 A RAG não é uma Academia da Língua.

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AGLP participa em cerimónia interacadémica na ACL

Presidente da AGLP Prof. Montero SantalhaDisponibilizamos texto lido por Montero Santalha na sessão de passado dia 14 em Lisboa

Numa sessão interacadémica, realizada em 14 de Abril no Salão Nobre da Academia das Ciências de Lisboa, foi apresentado o Léxico da Galiza elaborado pela Academia Galega da Língua Portuguesa, e a 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, elaborado pela Academia Brasileira de Letras sob a coordenação do Prof. Evanildo Cavalcante Bechara.

O lançamento realizou-se numa cerimónia que encabeçaram os presidentes das três academias da língua: portuguesa, brasileira e galega. Integraram a representação da Galiza vários académicos da AGLP: Ângelo Cristóvão (Secretário), Joám Trilho (Arquiveiro), Concha Rousia (Vice-Secretária), e Luís Gonçáles Blasco e Fernando V. Corredoira (da Comissão de Lexicologia e Lexicografia). Também assistiu o presidente da AGAL, Alexandre Banhos.

A sessão interacadémica decorreu no espaço de 70 minutos com as intervenções do Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Prof. Arantes e Oliveira, o Presidente da Academia Brasileira de Letras, Prof. Cícero Sandroni, o académico da ABL, Prof. Evanildo Cavalcante Bechara, o académico da ACL Aníbal Pinto de Castro, e o Presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa, Prof. Martinho Montero Santalha, encerrando o ato o Vice-Presidente da ACL, Prof. Adriano Moreira.

Presidência da Sessão Interacadémica

Presidência da Sessão Interacadémica

Para além da assistência de uma delegação da Academia Brasileira, académicos da ACL e a delegação galega, o ato contou com o Sr. embaixador do Brasil em Portugal, Celso Marcos Vieira de Souza, o Dr. Augusto Joel, assessor do Ministério da Cultura Português, e o Sr. Gaspar Diaz, Chefe da Conselharia Cultural da Embaixada da Espanha em Lisboa.

O Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, Prof. Eduardo Romano de Arantes e Oliveira, assegurou que «há equívocos nas relações entre Portugal e a língua portuguesa», reclamou ter em consideração a Galiza, os países africanos de língua portuguesa e também o Brasil, e afirmou que «vamos num futuro breve editar a nossa própria versão do Vocabulário».

Pela sua parte, o professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras (ABL), lembrou que se trata da quinta edição do Vocabulário em consonância com as normas do Acordo Ortográfico de 1990. A ABL edita desde 1970 o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, sucessivamente atualizado. A quinta edição está já disponível no mercado europeu por 60 euros.

Na sua intervenção, o Presidente da AGLP, Prof. José-Martinho Montero Santalha, afirmou que o Léxico da Galiza apresentado em Lisboa, é um primeiro contributo passível de melhoras, que será adaptado conforme aos critérios que forem adotados na elaboração do Vocabulário Comum. 

Académicos galegos com representantes do Ministério da Cultura e da Embaixada de Espanha

Concha Rousia (Academia Galega), Ângelo Cristóvão (Academia Galega),
Sr. Gaspar Díaz (Embaixada de Espanha), Dr. Augusto Joel (Ministério da Cultura),
José-Martinho Montero Santalha (Presidente da Academia Galega)

Sessão Interácadémica na ACL

Discurso do presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa
Professor José-Martinho Montero

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Sessão Interacadémica na ACL

Vocabulário Ortográfico da Língua PortuguesaAcademia Galega da Língua Portuguesa participará na Sessão interacadémica que irá realizar-se na sede da Academia das Ciências de Lisboa

A Academia Brasileira de Letras vai apresentar em Portugal a quinta edição do “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, elaborado segundo as normas do novo Acordo Ortográfico e publicado pela Global Editora.

A apresentação efectua-se no Salão Nobre da Academia das Ciências de Lisboa, no dia 14 de Abril, às 17 horas. Na mesma ocasião será lançado o “Léxico da Galiza” para ser integrado no “Vocabulário Ortográfico Comum”, elaborado pela Academia Galega da Língua Portuguesa.

Serão oradores o Presidente da Academia Brasileira de Letras, Dr. Cícero Sandroni, o académico brasileiro Evanildo Bechara, o membro da Academia das Ciências Prof. Doutor Aníbal Pinto de Castro, e o Presidente da AGLP, Prof. Martinho Montero Santalha.

O evento é organizado pela ACL e pela Dinalivro. No final será servido um Porto de Honra.

Delegação galega:

  • Martinho Montero, orador no ato da ACL
  • Concha Rousia (vice-secretária AGLP)
  • Joám Trilho (arquiveiro-bibliotecário AGLP)
  • Luís "Foz" (académico AGLP)
  • Fernando Corredoira (académico AGLP)
  • Ângelo Cristóvão (secretário AGLP)
  • Alexandre Banhos (presidente da AGAL)

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