Vídeo-entrevista a João Malaca Casteleiro, da ACL
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«A introdução do Léxico da Galiza no Vocabulário da Porto Editora
responde a um objetivo de representação global da língua portuguesa»
O professor João Malaca Casteleiro encerra a série de 7 entrevistas a professores participantes no I Seminário de Lexicologia da AGLP, realizado em 5 de outubro no Centro Cultural da CaixaGalicia. Na sua intervenção, em Santiago de Compostela, apresentou o Vocabulário Ortográfico da Porto Editora, que inclui um contributo lexical galego de mais de 800 palavras.
Membro da Academia das Ciências de Lisboa desde 1979, de cujo Instituto de Lexicologia e Lexicografia foi presidente entre 1991 e 2008, conta entre os seus maiores contributos ter sido coordenador do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da ACL (2001) e responsável pela versão portuguesa do Dicionário Houaiss (2002). Atualmente está elaborando o Dicionário Ortográfico e de Pronúncias e o Dicionário do Português Medieval, em que colaboram as professoras Maria Francisca Xavier e Maria de Lourdes Crispim, da Universidade Nova de Lisboa.
Participou na delegação portuguesa ao Encontro de Unificação Ortográfica de 1986 na Academia Brasileira de Letras, como também na redação do Anteprojecto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa de 1988, assim como nos trabalhos que conduziram ao Acordo Ortográfico de 1990, assinado em 12 de outubro na Academia das Ciências de Lisboa. É um dos maiores defensores da aplicação do Acordo em Portugal, tendo-se destacado na comunicação social pela defesa da sua aplicação.
Léxico da Galiza
Na entrevista o professor Casteleiro afirma que a introdução do Léxico da Galiza no Vocabulário Ortográfico da Porto Editora «Corresponde a um objetivo de representação global da língua portuguesa».
«Reparem que a ABL tinha publicado já o Vocabulário Ortográfico, mais na perspetiva brasileira. Ora, a norma gráfica portuguesa era seguida pelos países africanos de língua oficial portuguesa, na Ásia, em Timor, na Região Administrativa Especial de Macau, e também noutras regiões, e concretamente aqui na Galiza, porque o Acordo foi também adotado e, durante as reuniões que se fizeram em Lisboa, como, aliás, já tinha acontecido em 1986 no Rio de Janeiro, houve uma representação da Galiza, como observadores. Portanto, nós registamos neste Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que agora se publica pela Porto Editora os africanismos, e os asiaticismos que ocorrem na língua portuguesa e que já estavam, em grande medida, dicionarizados. Faltava aí o léxico da Galiza».
«Ora, acontece que esta ideia de a Galiza elaborar o seu léxico partiu de uma conversa que tivemos com membros da comissão que acompanhou o Acordo Ortográfico (a Conferência Internacional de 7 de abril de 2008, na Assembleia da República) e que era no sentido de dispormos de um repertório de termos, de palavras, de vocábulos próprios da Galiza que pudéssemos integrar no Vocabulário Ortográfico Unificado. E também eu, na altura, pensava na segunda edição do Dicionário da Academia».
Vocabulário técnico e científico
Afirma o professor que a publicação do Vocabulário da Porto Editora responde a uma necessidade do Acordo Ortográfico, e à de evitar que pudesse ser invocada, pelos seus opositores, a inexistência de um texto desse teor editado em Portugal. Além disto, «o Acordo de 1990 tinha previsto a elaboração de um vocabulário comum unificado da língua portuguesa. Tinha mais como preocupação a unificação, tanto quanto possível, dos termos técnicos e científicos das várias ciências, e sobretudo dos que têm entrado na língua de há umas décadas para acá».
O professor Malaca manifesta-se de acordo com a iniciativa do ministro da Cultura do anterior governo português, Pinto Ribeiro, na necessidade de criar uma nova Academia que se dedique especificamente à Língua Portuguesa. «Não é uma academia contra ninguém, menos contra a ACL».
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