Mário Herrero repassa em 'Guerra de Grafias, Conflito de Elites' o jogo das políticas da língua
- Escrito por: PGL
Mário Herrero é sócio da Associação Pró Academia Galega da Língua Portuguesa
Que é o galego? Quem fala esta língua? Nos 70/90 do século passado conformaram-se os grupos que lutam pola hegemonia social e política na hora de responder estas peguntas: o reintegracionismo e o autonomismo.
Em Guerra de Grafias, Conflito de Elites, Mário Herrero Valeiro repassa o jogo glotopolítico (políticas da língua) que levaram a que uma das duas estratégias, a autonomista, alcançasse o estatuto da oficialidade bem como as relações com os detentores do poder político.
Ainda que a sua fundamentação ideológica começa já a se desenvolver nas últimas décadas do século XIX e continua ao longo dos dous primeiros terços do XX, esta guerra de elites enfrenta desde a década de 1970 os defensores da independência glotopolítica do galego em relação ao português (autonomistas, diferencialistas, isolacionistas) e os defensores da unidade glotopolítica do galego-português (reintegracionistas, lusistas, regeneracionistas).
A posição legitimada é desde 1982-83 a diferencialista, através da sua sanção legal polo governo autónomo galego (exercido na altura polo partido nacionalista espanhol Alianza Popular). No poderoso valor simbólico que representa a ortografia, este conflito exprime-se na oposição entre determinados traços gráficos e/ou morfológicos aos quais se lhes concede (ou antes, aos quais alguém “atribui”) um alto valor significativo, indéxico de ideologias e identidades e de distribuição de poder social: a utilização de Ñ frente ao de NH, o de LL frente ao de LH, -ción frente a -ção ou -çom, presença ou ausência de Ç ou SS, -ble ou -bel frente a -vel (amable/amábel /vs/ amável), assimilação ou nom do artigo determinado às formas verbais finalizadas em -R ou -S, diferentes acentuações gráficas, etc.
Ainda que o diferencialismo é também defendido e, o que entendemos como aspeto fundamental, sustentado polos setores nacionalistas espanhóis que detêm e usufruem o poder institucional, estas duas tendências – na atualidade e polo menos numa parte dos seus precedentes históricos – podem ser inseridas com maior ou menor clareza num nacionalismo galego em que se enfrentam grupos com ideologias linguísticas irredutíveis.
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