II Seminário de Lexicologia - Entrevista ao professor João Malaca Casteleiro
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«Hoje temos que entender o português europeu
como tendo duas normas, a norma portuguesa e a norma galega»
AGLP / PGL - Continuamos com as entrevistas realizadas durante o II Seminário de Lexicologia organizado pela AGLP o passado mês de setembro. É a vez do distinguido professor João Malaca Casteleiro, grande promotor do Acordo Ortográfico e da política comum sobre língua entre todos os países de língua portuguesa.
O professor inicia a sua entrevista de maneira clara: «Hoje temos que entender o português europeu como tendo duas normas, a norma portuguesa e a norma galega». A continuação apresenta o projeto no que está a trabalhar neste momento que é o Dicionário Ortográfio e de Pronúncias.
Casteleiro manifesta-se a favor da elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum como elemento para promover a unidade da língua comum incluindo todas as variantes e as suas normas cultas «não apenas dos oito países [de língua portuguesa] mas também da região administrativa especial de Macau e também da Galiza».
O professor Casteleiro admite que «são precisos materiais didáticos» para a implementação do Acordo Ortográfico nas escolas e nos âmbitos profissionais e sociais em que a língua é elemento indispensável.
Sobre as contribuições para uma maior afirmação da língua portuguesa no mundo, o professor explica que «Neste momento podemos dizer que existe já uma política externa da língua portuguesa admitida pela CPLP. Eu próprio tive ocasião de participar em finais de março passado numa grande reunião promovida pelo Brasil, em Brasília, com os representantes de todos os países de língua portuguesa em que foi exatamente consagrada a missão de uma política externa da língua portuguesa. A atual direção da CPLP está muito empenhada em promover essa política.»
«Acho que é muito importante que a norma galega do português, portanto é uma norma galega como há a norma portuguesa no plano europeu, que ela se afirme» […] «A Academia Galega da Língua Portuguesa é um instrumento muito importante dessa política e nomeadamente nas publicações que faz aceitou desde logo o Acordo Ortográfico. Isso é muito importante para a afirmação da norma galega do português no plano da lusofonia.»
Já no fim o Professor lembrou as vantagens económicas e de divulgação cultural que tem o uso da língua comum e a percentagem em valor económico que a língua portuguesa tem para Portugal, a qual representa um 17% do valor total das atividades económicas do país luso. Mostrou-se a favor de promover a unidade essencial da língua e a sua promoção em todos os espaços nacionais e internacionais, porquanto a nossa é a terceira língua europeia mais falada no mundo.