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José-Martinho Santalha primeiro presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa

José-Martinho Montero Santalha assinando como académico da AGLP

José-Martinho Montero Santalha assinando como académico
da Academia Galega da Língua Portuguesa

PGL - O Catedrático da Universidade de Vigo, José-Martinho Montero Santalha, foi eleito no passado sábado, 20 de Setembro, presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), cujo acto de constituiçom decorreu no Centro Galego de Arte Contemporánea.

Junto com Martinho Santalha, fazem parte da Comissom Executiva da AGLP o lexicógrafo Isaac Alonso Estraviz (vice-presidente), a guitarrista Isabel Rei (tesoureira), o empresário Ângelo Cristóvão (secretário), a escritora Concha Rousia (vogal) e o compositor Joám Trilho (arquivista-bibliotecário).

O resto dos académicas serám dados a conhecer no próximo dia 6 de Outubro, dia em que a AGLP tem agendado um grande evento de carácter público em Compostela. Nesse mesmo dia também será apresentado o primeiro número do Boletim da AGLP, que tem como director o professor António Gil Hernández.

Quem é o primeiro presidente da AGLP?

José-Martinho Montero Santalha nasceu em Cerdido (Galiza) em 1941. Frequentou o Seminário de Mondonhedo e, em Itália, realizou estudos de Teologia e Filosofia (Universidade Gregoriana de Roma). Doutorou-se em Filologia com uma tese sobre as rimas da poesia trovadoresca (em 2000, Universidade da Corunha).

Muito cedo aderiu aos movimentos a prol da reintegraçom linguística, convertendo-se num dos principais promotores. Durante a sua estadia em Roma (1965-1974) participou no grupo «Os Irmandinhos», preocupados pela recuperaçom do galego na liturgia e na sociedade em geral. Nessa altura foi um dos assinantes do "Manifesto para a supervivência da cultura galega", publicado na revista Seara Nova (dirigida por Rodrigues Lapa) em setembro de 1974. A começos da década de 80 participou na fundaçom de diversas associaçons culturais galegas, como as Irmandades da Fala, Associaçom Galega da Língua e Associação de Amizade Galiza-Portugal.

Tem publicado numerosos estudos em diversas revistas e congressos internacionais, sendo um dos autores mais prolíficos e respeitados da Galiza lusófona. Actualmente é catedrático de Língua e Literatura galega na Universidade de Vigo (Campus de Ponte Vedra).

Fonte original:

‘Os 13 de Roma’

José-Martinho Montero Santalha

José-Martinho Montero Santalha, principal impulsionador
do manifesto para a supervivência da cultura galega

E. Maragoto - A história do reintegracionismo remonta décadas atrás, mas houvo que esperar aos anos em que se aproximava a co-oficializaçom do galego para que um nutrido grupo de intelectuais inaugurasse umha prática ortográfica constante, formulando ao mesmo tempo propostas concretas e coerentes com as posturas teóricas que defendia o galeguismo.

O ‘Manifesto pola Sobrevivência da Cultura Galega’, conhecido polo manifesto dos ‘13 de Roma’, marcou um ponto de inflexom na história deste movimento, defendendo passos mui definidos na integraçom cultural galego-portuguesa. Chama a atençom por ter sido assinado por 13 jovens residentes na capital italiana, na sua maioria padres e seminaristas. Lembramo-lo através do seu principal impulsionador: José-Martinho Montero Santalha.

O ‘Manifesto’ foi redigido por Montero Santalha e era síntese de um texto maior intitulado ‘Em prol da integraçom lingüística galego-portuguesa’ (EPILG-P). Nom admira, Santalha pode ser considerado o pai da praxe reintegracionista moderna, sendo o autor da primeira sistematizaçom ortográfica desta proposta: Directrizes para a Reintegraçom Lingüística Galego-Portuguesa, de 1979.

Assinavam o ‘Manifesto’ 12 jovens mais, como ele maioritariamente padres e seminaristas, residentes na capital italiana nos primeiros anos da década de 70. Dous já morrêrom (o professor de secundária Manuel Garcia Otero, e o bispo auxiliar de Madrid Uxio Romero) e só Martinho Montero continua na actualidade vinculado à língua.

O documento propunha medidas para equilibrar a presença do galego-português e do castelhano no ensino, na administraçom, nos meios de comunicaçom e na Igreja, insistindo na necessidade de restabelecer o contacto com o mundo luso-brasileiro. Algumhas propostas, como a da recepçom da televisom e da rádio portuguesas na Galiza, apresentam umha concreçom parecida à das levadas na actualidade ao Parlamento galego.

Numha altura em que a polémica lusismo-isolacionismo nom acendia tantas paixons como só uns anos depois, o texto foi aprovado sem problemas polas 13 pessoas reunidas: “Entreguei-lhes umha cópia do texto e fomos de merenda à antiga cidade romana de Ostia Antica, onde foi lido em voz alta e comentado.”

Os elogios nom tardárom a aparecer, mesmo de pessoas que anos depois se tornariam contrárias ao reintegracionismo, como Alonso Montero ou Ramom Pinheiro, ainda que este último preferisse nom publicá-lo em Grial (em 1973) polas ‘circunstáncias’ políticas que atravessava a Galiza e o próprio conteúdo político do texto. Mas os aplausos mais fervorosos fôrom de Xavier Alcalá e Rodrigues Lapa, que anos antes publicara o polémico artigo ‘A Recuperaçom Literária do Galego’.

Na apresentaçom do ‘Manifesto’ que escreveu para a revista portuguesa Seara Nova, que dirigia, dedicava estas palavras ao documento base do mesmo (EPILG-P): “por sua lucidez e documentaçom exaustiva, deverá estar na base de todo quanto daqui em diante se escrever sobre o problema do galego”.

Os 13 de Roma

Publicado no Verao de 1974, o ‘Manifesto’ foi umha das últimas actividades do grupo de sacerdotes e seminaristas que estudárom em Roma ao longo da década de sessenta e setenta. O processo de renovaçom que se deu na Igreja a partir do Concílio Vaticano II ajudou muitos católicos a valorizarem a cultura própria e começárom a fazer actividades relacionadas com a traduçom de textos litúrgicos.

Santalha lembra no Portal Galego da Língua como os influiu a traduçom dos Evangelhos de Morente e Espinha ou a dos Salmos de Alonso Estraviz. Apesar de estarem a viver num país livre, decidírom assinar algumhas traduçons com um nome colectivo, ‘os Irmandinhos’, a proposta do pároco de Aguinho, que se conformou como grupo aberto com diferentes ritmos de colaboraçom e entre os quais também se encontrava Joám Trilho.

Anos depois, com a publicaçom do ‘Manifesto’ em galego-português na Seara Nova e em castelhano em Cuadernos para el Diálogo, este grupo de padres galeguistas viria a ser baptizado como ‘os 13 de Roma’, precisamente por parte de um dos críticos mais severos, Francisco Rodríguez, no livro Conflito Lingüístico e Ideoloxia na Galiza, de 1976.

O galego e a Igreja

Eram anos de entusiástica renovaçom eclesial, e o próprio Santalha, de volta à Galiza em 1974, trabalhou na pasta mensal ‘Boa Nova’ e no Centro de Estudos Eclesiásticos de Santiago de Compostela, participando activamente na elaboraçom de textos homiléticos junto com outros sacerdotes comprometidos com a realidade galega. A decepçom chegou depois, com o seu afastamento da revista Encrucilhada em que estivo muito implicado nos primeiros anos.

A opçom gráfica nom foi alheia a esta decisom e a própria direcçom da revista chegou a proibir a publicaçom de textos com ortografia reintegrada. Aos poucos, Santalha foi centrando o seu trabalho público na defesa do reintegracionismo e talvez isto tenha influído em que as primeiras reunions da Associaçom Galega da Língua se realizassem em centros eclesiásticos.

À vista do menosprezo histórico que a Igreja exibiu em relaçom ao galego, estas notas parecem um parêntese irrepetível, mas Santalha matiza: “Mais que de ‘excepçom’, devíamos falar de ‘minoria’. Isto mesmo acontece na sociedade galega em geral: Universidade, partidos políticos, jornais, desporto... a Igreja é uma parte mais da sociedade, e, como o resto, no que di respeito à língua, é mais vítima do que protagonista.” A evoluçom para o reintegracionismo de muitos padres naquela altura relaciona-a o padre ortegano com “a boa formaçom humanística e em línguas que tinha a maioria do clero.”

O ‘Manifesto’ hoje

O ‘Manifesto’ foi criticado na altura por Francisco Rodríguez, já que só pedia, em pleno franquismo, 50% de presença do galego em ámbitos como os meios de comunicaçom ou o ensino. Em 1991 Pilar Garcia Negro reeditaria críticas semelhantes. Longe de se atingirem em 2008 as percentagens reivindicadas naquele texto, perguntamos a Santalha que tipo de manifesto seria preciso hoje: “a situaçom da língua é agora mais dramática; teria que ser assinado polas principais instituiçons culturais galegas.”

Descargas:

Fonte original:

 

Associação Pró Academia apresentada nas Jornadas Somando Esforços pola Língua

Intervenção de Luís Gonçales Blasco
nas Jornadas Somando Esforços pola Língua

O passado sábado, 16 de fevereiro, tivérom lugar no Museu Verbum - Casa das Palavras, em Vigo, as Jornadas Somando Esforços pola Língua, organizadas pela Associaçom Galega da Língua. Na segunda das Mesas Redondas agendadas, sob o título "Soluções, propostas e actuações na defesa da língua da Galiza", interveio Luís Gonçales Blasco em representação da Associação Pró Academia Galega da Língua Portuguesa.

O professor Gonçales Blasco apresentou o projeto da Academia Galega da Língua Portuguesa e os seus objetivos, “umha instituição que não nasce contra ninguém”, passando a explicar a génese da mesma, a situação atual em que se encontra o processo de criação e as dificuldades que enfrenta. O professor deixou claro que este novo projeto nasce para realizar o seu labor de forma independente, contribuindo para a visibilização da Galiza como país lusófono em âmbitos académicos ou institucionais lusófonos.

Mais info:

Llengües Vives noticia criação da Associação Pró Academia

Mapa do Llengües Vives

aragonés (4), astur-lleonés (2), català (6), euskara (3),
galaico-português (1), occitan (5), sardu (7)

O número 64 do Llengües Vives, boletim da actualidade lingüística do sudoeste europeu, noticia o debate sobre a recepçom das televisões portuguesas na Galiza e a criaçom da Associação Cultural pró Academia Galega da Língua Portuguesa, além de fazer um breve repasso a outras notícias de actualidade.

Associação Cultural Pró Academia Galega da Língua Portuguesa

Em 2006, durante o V Colóquio Anual da Lusofonia (Bragança), o catedrático Monteiro Santalha relançava a ideia de criar uma Academia Galega da Língua Portuguesa. Constituiu-se para tal fim umha Comissom Promotora da AGLP, que em Outubro de 2007 realizou umha apresentaçom da proposta na Faculdade de Filologia da USC, com a presença dos professores Malaca Casteleiro da Academia de Ciências de Lisboa e Evanildo Bechara da Academia Brasileira de Letras. Agora, em Dezembro de 2007, acaba de ser criada a Associação Cultural Pró AGLP, presidida por Ângelo Cristóvão. Para além disso, a marca AGLP já foi registada oficialmente nos dous estados ibéricos (www.aglp.net).

Llengues Vives, núm. 64. Janeiro de 2008.

Capa do Llengües Vives 64

Descarregar Llengües Vives 64 em PDF

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