'Cantares Galegos' em Ginzo de Límia
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Número 1 dos Clássicos da Galiza apresentado por todo o País
Edições da Galiza e a Academia Galega da Língua Portuguesa publicaram recentemente a nova versão dos Cantares Galegos de Rosália de Castro segundo o último Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Esta versão foi realizada e dirigida polo membro da Academia Prof. Dr. Higino Martins Esteves, constando de 248 páginas entre preliminares, texto e notas finais.
Além do seu lançamento nacional em Compostela, o primeiro dos livros publicados da coleção dos Clássicos da Galiza, já foi apresentado nas últimas semanas em Ourense e na Corunha. Agora, esta edição especial será apresentada nesta sexta-feira, 14 de janeiro, em Ginzo de Límia.
O evento terá lugar a partir de 20h00 na Casa da Cultura da capital limiã e nele participarão o vice-presidente da AGLP, o professor e lexicógrafo Isaac Alonso Estraviz, e mais a também académica Concha Rousia. Para a organização deste evento, a Academia Galega conta com a parceria do Centro Cultural Popular do Límia, do Centro Social Aguilhoar e de Edições da Galiza.
Breve resenha do livro
Se alguma vez um livro foi capaz de mudar a trajetória da escrita, da língua e por tanto da imagem que uma nação tem de ela própria e oferece ao mundo é esta obra-prima da nossa enorme Rosália de Castro.
Foi alvorada que abalou em saudades o duro coração dos galegos e rompeu para sempre a tradição de seqüestro noutra língua. Exemplo de tão alegre e melâncolico ritmo demonstrou possível uma literatura galega, radical e moderna, na língua que empregava a gente para cantar e viver, na única em que podiam ser exprimidas todas as subtilezas do ser, toda a complexa, longa e assanhadamente apagada História nacional.
Os Cantares Galegos, nas asas românticas dos lieder, na polêmica céltica dos Barzaz Breiz, em diálogo com as Espanhas de Antonio Trueba, são testemunho e reivindicação da essência poética e musical galega, síntese intensa de leituras, melodias, ares, ditos, ambiente e conversas sobre folclore e nação.
Escritos quando agoniza a I Restauração bourbónica espanhola (1863), num momento em que a Galiza liberal luta pola modernidade, celebrados como bandeira antes da chegada da II Restauração canovista nas Espanhas, são, coincidindo com os sonhos vitais da autora, desafio e desabafo, presente e jogo poético de amor; símbolo e mensagem de uma entusiasta moça dotada de raro talento artístico e tremenda potência intelectual.
Se há um programa é este: o da reivindicação dessa língua familiar e cultura herdada em farrapos, aprendida sem mais escola que a das aldeias e sem gramática de nenhuma classe, que aspira por próprio esforço e constância, em construção permanente desde aquela, a levar o nome de Galiza ao lugar onde lhe corresponde entre as nações da Terra.
Cuidai, que começa...