Apresentação da Academia Galega da Língua Portuguesa nas Jornadas de Língua em Ourense
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Entrevista a Ângelo Cristóvão, presidente, e
Concha Rousia, vice-presidenta da Pró
A Esmorga / MDL / PGL - A Associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa foi constituída em 1 de Dezembro de 2007, dia da Restauração da Independência e aniversário do primeiro acto público de Nunca Mais, com o objectivo de apoiar a criação duma Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). Nesta segunda, 14 de Abril, Ângelo Cristóvão, presidente da associação, e Concha Rousia, vice-presidenta, participarão nas I Jornadas de Língua em Ourense apresentando este projecto na cidade das Burgas.
A ideia que os promotores têm da Academia como motor de integração da Galiza na lusofonia, difere doutros modelos académicos, pois neste caso pretendem «uma instituição nacional galega criada por iniciativa da sociedade civil, independente dos organismos do estado [...], que recupere e ponha em valor o nosso património linguístico e literário, ora maltratado, ora esquecido, ora deturpado», com bem indica Ângelo Cristóvão no web oficial da Associação Pró-AGLP.
Como bem sendo habitual durante o decorrer de todo este evento, lançámos uma série de perguntas às, desta vez, duas pessoas convidadas às Jornadas ourensanas, com o objectivo de conhecermos em primeira mão algumas das suas opiniões. Lembramos que a palestra em que estarão Ângelo e Concha decorrerá a partir das 20h00 no CS A Esmorga (rua Telheira, 9, rés-do-chão - Ourense).
Depois de terdes participado na histórica jornada em que uma delegação de galegos e galegas se fez ouvir no parlamento da República Portuguesa, a defender a unidade da língua, qual é a vossa valorização do que isto pode significar para o futuro?
Ângelo - É difícil enxergar agora, tão de perto, a repercussão desses eventos, mas estou certo que nos próximos meses e anos teremos mais notícias positivas para a Galiza.
Concha - Eu penso que nem me vai ser possível mesurar o significado desta jornada; até porque o efeito vai depender das múltiplas reacções que vá ir provocando nos diversos campos da Lusofonia. Para mim significa a integração e o reconhecimento definitivos da Galiza como parte essencial da Lusofonia.
Depois disto, alguém poderia dizer que o galego não é português, ou que o português não é galego, mas saberia que estava mentindo ou praticando a autonegação, algo ao que a gente daqui está muito afeita. Temos tantos preconceitos sobre nós mesmos e sobre a nossa cultura como sobre uma cultura alheia. Mas Galiza está a mudar.
Como surgiu em vós a necessidade de criar uma Associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa e qual considerais que devem ser as suas funções?
Ângelo - Primeiro foi Martinho Montero que, numa revista propunha, entre as tarefas para o futuro, criar a Academia (acho que foi em 1994). Anos mais tarde, em comentários pessoais várias pessoas em diversos momentos fomos refletindo sobre a possibilidade, a conveniência e o momento adequado.
Finalmente, em Outubro de 2006, Martinho julgou que o lugar e a altura certas eram os Colóquios da Lusofonia, em que se produziu um interessante debate. As funções principais de qualquer academia da língua são três: institucional, editorial e como referente normativo. No caso da AGLP já começamos a exercer a primeira. Logo virão as publicações. A terceira função não me parece uma tarefa urgente.
Concha - Em mim, imagino que como em certo modo ocorre a todos os demais, a necessidade duma Academia surge quando me percebo que os que reconhecemos a nossa língua como todo o que ela é ficamos órfãos e sozinhos, sem ninguém a velar pola nossa língua nem por as pessoas que, com todo o direito do mundo, a usam com normalidade.
A academia terá múltiplas funções, a de ser a interlocutora com as outras Academias na Lusofonia, a de editar as produções agora ignoradas e menosprezadas polos organismos até agora existentes no nosso pais. Terá, em definitiva, a função de cuidar da nossa língua dentro do nosso território e a de interlocutora nossa no resto da Lusofonia.
Conta-nos como correram os trabalhos que tendes desempenhado como membros da diretiva da Associaçom Pró-AGLP, desde a fundação da mesma e quais podem ser os trabalhos prioritários da entidade para os próximos meses.
Ângelo - Quando foi constituída, em 1 de Dezembro de 2007, elaboramos uns estatutos. Logo começamos a organizar a associação. Em 14 de Fevereiro tivemos uma interessante entrevista com o Dr. Joan Martí i Castell, presidente da Seção Filológica do Institut d’Estudis Catalans.
Concha - Apesar do pouco tempo que levamos trabalhado levamos feito muito. Eu como vice-presidenta da Associaçom Pró-AGLP tenho participado em labores organizativas. Entre os trabalhos prioritários para o futuro estão a posta em marcha definitiva da Academia, ajudá-la a dar seus primeiros passos como tal Academia, tentar que estabeleça relações de colaboração com as Academias dos outros países, participar nos eventos culturais e linguísticos que tenham lugar no espaço da Lusofonia e procurar o reconhecimento social que tem que ter na Galiza, dando-se a conhecer, mesmo a través da publicação de um boletim.
Quais achais que podem ser os principais entraves para a criação da Academia Galega da Língua Portuguesa?
Ângelo - A Academia vai ser criada, sem dúvida, e aqui não haverá grandes dificuldades. Será uma entidade cívica com vocação de serviço público. A marca foi previamente registada no Reino da Espanha e na República de Portugal. Ora, para desenvolver todas as funções próprias desta entidade, serão precisos uns recursos.
Talvez o apoio económico seja a parte fraca, atendendo às circunstâncias sociopolíticas em que se desenvolve o País. Contudo, não precisamos milhões para produzir obras de valor. A internet fornece muitas possibilidades.
Concha - Penso que os custos económicos podem, em princípio, obrigar-nos a ter que ir mais devagar com os nossos projectos, acho que é só.
Ouvir áudio da palestra
[Atualização a 29 de abril de 2008]
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