Mário Soares recebeu delegação da AGLP
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Mário Soares com a delegação da AGLP
Isaac Alonso Estraviz - O dia 18 de Março tínhamos agendada às 15,30 uma entrevista com o ex Primeiro Ministro e ex Presidente da República de Portugal, Mário Soares, na Fundaçom que leva seu nome, ubicada na Rua São Bento, mesmo frente à fachada da Assembleia da República.
Na hora sinalada lá estávamos Ângelo Cristóvão, António Gil Hernández, Concha da Rousia e Isaac Alonso Estraviz. Tam aginha como entramos já nos levaram ao seu gabinete onde o cumprimentamos e nos cumprimentou a todos cordialmente. Depois pediu-nos que escolhéssemos a cadeira que quiséssemos e ele sentou na que ficava livre como um mais. Pessoalmente, encontrei-o de bom aspecto. Parecia ter menos anos dos que tem, muito bem conservado e com uma grande vitalidade.
Num primeiro momento ficou um bocado estranhado ao lhe dizermos que éramos membros da AGLP, pois ele achava que éramos da RAG, e ficou surpreendido ao lhe dizermos o verdadeiro nome. Eu já tinha estado com ele num Congresso em Lisboa sobre a Problemática do Português no Mundo, onde falara depois de mim, e especialmente na Homenagem a Manuel Rodrigues Lapa na Anadia em 1984, onde vários galegos: Maria do Carmo Henríquez Salido, Avelino Ferradal, Isaac Estraviz... tiramos fotos com ele metendo-se entre nós o Ministro de Educação Seabra. E por aí começamos a falar das línguas que se falam no Estado Espanhol.
A respeito do Galego admitia muita similitude com o Português, mas não convergência total que no nosso dialogar, ao final, essas divergências não eram mais do que as que há entre qualquer província portuguesa. Connosco mostrou-se muito simpático, aberto e muito atento. Chegou a nos dizer que se a História seguisse o caminho normal hoje Galegos e Portugueses formaríamos uma mesma nação. E em parte coincidia com Castelão ao imaginar uma Península Ibérica federal, na qual formassem uma unidade Galiza e Portugal.
Demonstrou-nos um conhecimento muito grande de Manuel Fraga Iribarne com quem percorreu Galiza conservando uma grata memória dos lugares por onde andou: tascas, bares, cidades... Enlaçando com isto contou-nos a anedota que lhe aconteceu com o alcaide de Vigo Soto, que ao apresentá-lo para uma conferência disse diante de todos os assistentes que lhes apresentava o seu presidente.
Sobre o golpe de Tejero demonstrou ter um conhecimento muito superior quer através da sua filha que estava lá como do embaixador. Também do papel que teve na legalizaçom do Partido Comunista Espanhol, ainda que é visceralmente anticomunista.
Explicou-se-lhe a razão da nossa entrevista e qual era a nossa missão e nosso cometido nessa e outras viagens a Lisboa. Chamou a uma senhora para tirarmos uma foto e nesse momento inesperadamente organizamos onde nos colocaríamos: eu ao lado dele na parte esquerda, mas ao reparar na Concha pediu que se pusesse ela a seu lado. Levou-nos a ver a biblioteca e depois pediu a António Coelho que fosse nosso cicerone na visita aos dous prédios de que se compõe a fundação e que se comunicam por um túnel entre si..
A Fundação conta com 30.000 livros e ele na sua casa sita entre a Biblioteca Nacional e a Faculdade de Letras, por onde eu passei infinidade de vezes, 70.000 volumes. Na Fundação guardam nos arquivos toda a documentação de Timor Leste e muito material de Alberto de la Cerda que doou à mesma. Na parte subterrânea estão os arquivos com estantes movíveis, parte destinada a material de Soares e outra parte a outros senhores.
Tem muitos computadores e escáneres para digitalizar todo o material: livros, folhetos, mapas... Trabalham diariamente quinze pessoas especialistas na manipulação de material informático para que o material ali conservado possa ser consultado. Material que pode ser consultado já parte e a outra quando estiver terminado o trabalho que está em curso.
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