Novas da Galiza entrevista Carlos Amaral, administrador da Priberam
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«O protocolo com a AGLP permite-nos alargar o nosso trabalho à variante galega do português»
E. Maragoto - A Priberam é umha empresa portuguesa especialista na concepçom e desenvolvimento de software, nomeadamente nas áreas lingüística, jurídica e da saúde. A mais conhecida delas é a primeira, que dispom de ferramentas para o uso correcto da língua.
O dicionário da Priberam, que vai incluir 1200 palavras galegas entre os seus verbetes na seqüência de um protocolo assinado com a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), é talvez o mais usado do mundo lusófono, registando um milhom de consultas diárias. Por enquanto, os termos galegos já fôrom integrados no Vocabulário da Priberam, e serám incorporados ao dicionário em breve. Segundo o administrador da empresa Carlos Amaral este seria só um primeiro passo na integraçom de mais conteúdos galegos, como fraseológicos ou sintácticos.
EM: A Galiza, com esta iniciativa, obtém um reconhecimento internacional inédito. O que vos motivou a dar o passo: estratégia comercial, sensibilidade para as diferentes variantes do português na seqüência do Acordo Ortográfico (AO) de 90 ou simplesmente a negociaçom de um protocolo com a AGLP?
Carlos Amaral: Em primeiro lugar a sensibilidade para as diferentes variantes do português e que é anterior ao AO. Como fornecedor das ferramentas de revisom para português da Microsoft, sabemos a responsabilidade que pesa sobre nós na promoçom e defesa da língua e temos procurado sensibilizar empresas como a Microsoft e a Apple, entre outras, para o facto de tal como os seus produtos prevêm 15 variantes de francês, 18 de inglês e 21 de espanhol, também o português nom se resume às variantes de Portugal e do Brasil. Para além destas duas variantes para as quais já temos produtos de referência como o FLiP e o Novo Corretor Aurélio, temos vindo a desenvolver algum trabalho noutras variantes e o protocolo com a AGLP permite-nos alargar o nosso trabalho a mais essa variante do português.
EM: Este passo é importante para a comunidade de fala galega em geral, mas sobretodo para quem defende que as falas galegas se devem grafar à portuguesa. Em que medida é consciente a Priberam disto?
CA: Quando fomos os primeiros a disponibilizar ferramentas de revisom com suporte para o Acordo Ortográfico, antecipando-nos ao lançamento dos primeiros vocabulários, sabíamos que iríamos ter apoiantes e críticos. Apesar disso figemolo mantendo umha posiçom neutra face ao AO e deixando a escolha da grafia a utilizar a todos os que utilizam os nossos produtos e serviços.
Os jornais que já adoptaram ou pensam vir a adoptar o AO utilizam o FLiP, o mesmo acontecendo em muitos outros que ainda nom o figérom. O nosso papel é facultar os meios necessários para escreverem bem em português independentemente da variante ou grafia. O protocolo com a AGLP também terá pessoas pró e outras contra mas se podemos ajudar mais um conjunto de pessoas, independentemente do seu número, a escrever bem português tendo em conta a sua especificidade, é isso que continuaremos a fazer, seja para quem quer escrever português na Galiza, em Timor-Leste ou em Macau.
EM: Na Galiza também há pessoas contrárias a essa convergência linguística com o outro lado do Minho. Já receberam críticas por esta iniciativa?
CA: Nom, até agora apenas felicitaçons.
EM: O Protocolo assinado com a AGLP nom pára por aqui. Em que se vai reflectir no futuro?
CA: O próximo passo é definir as palavras agora incluídas no Vocabulário Priberam no nosso Dicionário, o dicionário de língua portuguesa mais consultado hoje em dia. É um trabalho que já está a ser coordenado pela AGLP.
EM: Com um milhom de consultas diárias, que importáncia podem ter as visitas provenientes de um povo pequeno como é o da Galiza?
CA: A Priberam quer continuar a promover a língua portuguesa na sua diversidade através da disponibilizaçom de produtos e serviços à escala global. Somos a única empresa a disponibilizar esses mesmos produtos e serviços para as variantes de Portugal e do Brasil, pré e pós-AO. Mas queremos ir mais longe criando recursos específicos para todas as variantes do português.
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