GpS da Língua: o Português Galego
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Afirmava-se na Declaração Galega de Soberania, em maio de 2011, "a disposição à procura da auto-organização e da auto-gestão democrática da sociedade galega num quadro de verdadeira igualdade económica e social, liberdade e justiça em todas as dimensões e para todas as pessoas". Esta declaração era uma iniciativa lançada ao universo internético por pessoas que faziam parte da defesa da língua na Galiza como ativistas do movimento reintegracionista.
Comunicado da Associação Cultural Pró AGLP para a plataforma Galiza pela Soberania (GpS)
Afirmava-se na Declaração Galega de Soberania, em maio de 2011, "a disposição à procura da auto-organização e da auto-gestão democrática da sociedade galega num quadro de verdadeira igualdade económica e social, liberdade e justiça em todas as dimensões e para todas as pessoas". Esta declaração era uma iniciativa lançada ao universo internético por pessoas que faziam parte da defesa da língua na Galiza como ativistas do movimento reintegracionista.
O reintegracionismo galego caracteriza-se pela sua independência dos ditados oficiais sobre a língua. Aparece nos séculos XVIII e XIX de maneira esporádica, deixa pegada no primeiro terço do século XX e reaparece na década de 70, para consolidar-se na década de 80 precisamente como resposta soberana aos abusos da administração espanhola a respeito da língua. Na mesma altura, Galiza, através da sua sociedade civil, tem participado dos Acordos entre iguais da língua portuguesa com legitimidade e reconhecimento internacional. Ao longo da primeira década do século XXI o uso do português galego estabeleceu-se como instrumento imprescindível para o exercício da soberania através do relacionamento direto com outros países do nosso entorno e língua comum.
A língua é o traço distintivo mais característico que possuímos e por isso tem sido um dos primeiros em sofrer o controle do poder. O reintegracionismo questiona a proposta da administração espanhola para o galego de maneira integral, promovendo a visão da nossa língua com um modelo de igual força e capacidade que a castelhano-espanhola. O uso do português galego é o ato por excelência de soberania linguística na Galiza. O conceito de soberania é profundamente reintegracionista porque nos liga com a única nação peninsular independente: Portugal, que cultivou a nossa língua graças a ser um país soberano. O modelo internacional do galego é oficial em todos os estados lusófonos e respeitoso com a diversidade nacional desses países.
O português galego é uma escolha legal e possível no quadro atual das línguas no Reino da Espanha. Ademais é o único modelo apropriado às características galegas por respeitar a história da língua e alargar as suas possibilidades presentes e futuras. O português fornece à cidadania galega a inclusão num conjunto sociocultural muito maior do que o espanhol, conjunto heterogéneo que ademais não pretende exercer qualquer poder político sobre Galiza nem sobre a sua autonomia linguística. A escolha do português galego é nossa e unicamente nossa. É a escolha soberana dum modelo independente.
O aprendizado da norma internacional põe-nos em contato com realidades que têm diretamente a ver connosco e que o Estado Espanhol nem nos oferece, nem nos facilita. A prática atual do português na Galiza cresce dia a dia, é real e está presente na sociedade através de todo tipo de ações e organizações cívicas, em todos os níveis do ensino galego, graças a pessoas e coletivos que dão a conhecer esta opção restauradora da dignidade popular. Várias personalidades da vida galega têm usado nos últimos tempos o português galego para publicar seus livros e têm-se manifestado a favor do aprendizado do português como método de preservação das nossas características galegas.
Nós também queremos, como diz o manifesto da encruzilhada, "uma Galiza tão soberana, tão justa, tão alternativa, tão dissidente e tão criativa como possível" e mesmo que impossível queremo-la assim desse jeito. O reintegracionismo foi tantas vezes chamado de utópico, de irreal, agiu tantas vezes com independência do resto de correntes sociais e políticas, que hoje, no melhor momento da sua história, tem bem demonstrado o exercício soberano da escolha independente e alternativa.
Aderimos a proposta de Galiza pela Soberania (GpS) por considerarmos que não pode haver soberania galega com Ñ, as letras e a gramática espanholas não servem para representar as nossas falas. Declaramo-nos independentes de língua nesta Espanha linguicida. Acreditamos com palavras e factos que o único caminho possível para a soberania da língua galega é o da emancipação do castelhano e a identificação plena com a lusofonia.