Carvalho Calero, no centro da Galáxia, 1980 – Ernesto V. Souza
- tamanho da fonte diminuir o tamanho da fonte aumentar o tamanho da fonte
- Publicado em Info Atualidade
- Ler 1579 vezes
- Imprimir
Por Ernesto V. Souza:
A história, a contrário do que se nos aprende na idade escolar, não é uma evolução graduada e progressiva de feitos, fatos, sucessos, personagens, grupos, ideias e acontecimentos, as mais das vezes é uma sucessão de mudanças, de alterações súbitas, de viradas bruscas, não poucas vezes apaixonadas, absurdas, cínicas e arbitrárias, normalmente condicionadas pelos indivíduos detentadores, capatazes ou representantes dos poderes existentes em cada momento. Mudanças que depois obrigam a recondicionamentos e reajustes justificativos, a novos destaques, apagados, descoloramentos e ausências na narrativa estabelecida.
Como já temos apontado, no centro da Galiza cultural, a partir de 1973 (e até 1982), há um debate intenso sobre a fixação da língua e a ortografia, aberto pelas mudanças educativas no tardofranquismo, na transição e na conformação do estado das autonomias fixado na Constituição do 78.
O debate começa com a possibilidade e projeto de introduzir as línguas espanholas não castelhanas no ensino oficial, por volta de 1973. O resultado já conhecemos, e está diretamente relacionado com a subalternidade consagrada no título 3 da Constituição Espanhola e com os jeitos, jeitinhos e os equilíbrios de poderes que dominaram a cena política galega antes, durante e depois da votação do Estatuto de 1981 e a articulação da Autonomia na Galiza.
O controlo de forças conservadoras, a menorização fragmentada do espaço nacionalista galeguista, o possibilismo dos culturalistas, e o projeto de laminação do republicanismo, do nacionalismo, na sua narrativa, memória e da discrepância definirão a política galega, que irá evoluindo desde a esperança e modernidade aperturista de meados dos 70, consoante e pioneira com a involução da cultura política, midiática da Espanha a partir de 1982.
A história, no que afeta diretamente a língua e a sua maneira de grafá-la, a sua proximidade e distância com o português, é relativamente conhecida e destaca precisamente esse ano 1º da Autonomia, como ponto de rotura. Não nos imos deter hoje nisto, que por outra banda já foi bem explicado pelos companheiros da Através.
Mas justamente, por isso resulta fresco e interessante, retroceder apenas um bocadinho no tempo para comprovar a violência da virada.
Documentos anexos:
** A entrevista e os dous artigos, completos, no repositório Versão Original de Celso Álvarez Cáccamo, na UDC:
– Xosé Miguel A. Boo. 1980. “RICARDO CARBALLO CALERO, UNHA VIDA AO SERVICIO DE GALICIA” [entrevista]. GALICIA 1950-1980 – trinta anos de cultura – publicación conmemorativa do trinta aniversario da editorial galaxia. Vigo: Galaxia, p. 20. 1980gal20.pdf
– Ricardo Carballo Calero. 1980. “GALIZA FORA DE SI – A VIDA DA NOSA CULTURA FORA DO PAIS (1950-1980)”. GALICIA 1950-1980 – trinta anos de cultura – publicación conmemorativa do trinta aniversario da editorial galaxia. Vigo: Galaxia, p. 6. => 1980gal06.pdf
– Ramón Lorenzo. 1980. “A LINGUA”. GALICIA 1950-1980 – trinta anos de cultura – publicación conmemorativa do trinta aniversario da editorial galaxia. Vigo: Galaxia, p. 25. => 1980gal25.pdf