Académica Concha Rousia lança novo livro "O SAPO E A MARGARIDA"
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O SAPO E A MARGARIDA
“O Universo inteiro se rende ante uma mente sossegada”
Lao Tzu
Vivemos tempos que correm muito depressa, que voam até. Tempos em que as pessoas andam mais sozinhas, mais silentes, mais isoladas, e por vezes mais fragmentadas também. Bulindo, mexendo sem pausa, para apagar com a música do viver o ruído das tripas da máquina do mundo, que vai devorando sem parada, tudo que surge. Como uma praga de lagosta de matéria inerte.
Corremos com agendas eletrónicas que falam, que tem alarmes com nome e sons específicos para dirigir-nos a uma atividade urgente e programada. Como a vaca aprende o som que antecede a comida ou avisa de que a vão mungir na granja. Pavlov não precisaria campainhas nem cães para os seus experimentos. Pontual tem que ser tudo neste tempo. Não dá para aprendermos os nomes de tudo o novo que aparece, quanto mais para descobrirmos para que serve cada cousa...
Tomáramos hoje os dias de conversa do mundo que ficou atrás. Cinco minutos por dia de pausa deste corre-caminhos de presente, para respirarmos ao ritmo da tartaruga com a que vivíamos no passado. Os que habitamos neste mundo e somos também habitados pelo mundo antigo, o mundo das conversas na era da oralidade, paramos para falar com os bichos, as plantas, as arvores, as rosas e até com a folha que voa neste outono que clama por minorar a nossa marcha.
Visitar mentalmente um lugar de pausa, um lugar de calma é o que recomendamos as pessoas que nos dedicamos a observar as mentes e o quanto forçadas elas vão. Como botão sempre a mão para parar as máquinas, o barulho, diminuir o cortisol, e ir reduzindo as pílulas, fugir da ansiedade, termo imprescindível para estendermo-nos nos tempos modernos. Sabido é que essas pausas dão um respiro ao cérebro, o corpo permite-se repousar, e as emoções encontram sua prateleira própria, para se assentar, em lugar de ir ter ao montão das trapalhadas adiadas sem classificar.
Para conseguir esse efeito ofereço a leitura desde livro, que nos abastece com textos breves por fora e imensos por dentro. Cada texto retém um pedacinho de mundo, mínimo e infinito, ao que podermos entrar e revisitar depois na memória, ou na releitura. Como botões que ativassem caminhos neuronais que nos levam para fora do labirinto do dia a dia, a respirar o sol da calma e da paz num cantinho dentro de nós, conhecido e esquecido. Serão pausas para descer do tempo cronologicamente veloz para ir ao tempo circular, eterno e reparador da vida emocional, tempo de reencontro, e não só...
Concha Rousia