Guerra da Cal homenageado em Compostela
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No passado 17 de maio, dia em que a Galiza festeja o Dia das Letras, realizou-se em Santiago de Compostela uma homenagem pública ao professor, investigador e poeta galego Ernesto Guerra da Cal (Ferrol, 1911 – Lisboa, 1994), que decorreu ao pé do monumento ao professor Ricardo Carvalho Calero.
No passado 17 de maio, dia em que a Galiza festeja o Dia das Letras, realizou-se em Santiago de Compostela uma homenagem pública ao professor, investigador e poeta galego Ernesto Guerra da Cal (Ferrol, 1911 – Lisboa, 1994), que decorreu ao pé do monumento ao professor Ricardo Carvalho Calero. O evento fez parte dos atos programados para o 2011 com motivo do Centenário do nascimento de Guerra da Cal.
Público assistente ao ato de homenagem a Guerra da Cal
Apoiam a celebração do Centenário mais de duas dúzias de entidades brasileiras, portuguesas e galegas. No decurso de 2011 realizar-se-ão diversas atividades de homenagem ao professor. A AGLP vem de publicar uma Antologia Breve que inclui também amplas notas biográficas preparadas pelo professor Carlos Durão. Também está disponível na internet o site do Centenário (www.guerradacal.academiagalega.org) e está em andamento a organização dum Seminário dedicado a quem teve um papel fundamental na participação da Galiza nas negociações de 1986 e 1990 do Acordo Ortográfico para a Escrita da Língua Portuguesa.
José Paz lendo um poema no ato de homenagem a Guerra da Cal
O referido ato de homenagem, ao qual assistiram por volta de 80 pessoas, começou às 11:30 e demorou até às 12:30, incluindo uma lembrança à figura do homenageado, a leitura de poemas da sua autoria e também de Ricardo Carvalho Calero e Lois Pereiro, assim como a leitura de dois manifestos: o Manifesto pela Hegemonia Social do Galego e o Manifesto da Fundaçom Meendinho "Galegas, galegos, enveredemos o caminho certo”, cuja mesagem encoraja a Galiza à participação e vivência plena no espaço da lusofonia. Após o encerramento do ato, os assistentes participaram num roteiro de língua e história pelas ruas e monumentos da cidade de Compostela, guiado pelo historiador André Pena Granha.
As adesões às homenagens continuarão abertas durante todo o ano 2011.
Jeanne Pereira lendo um poema no ato de homenagem a Guerra da Cal
Isaac Alonso Estraviz no ato de homenagem a Guerra da Cal
Fonte: 2009Miguelanjo
Sobre Ernesto Guerra da Cal:
Ernesto Guerra da Cal foi o poeta galego que mais eco teve dentro e fora da Galiza, como testemunha a abundandíssima bibliografia transnacional e transcontinental a que deu origem a sua obra. Foi também o professor galego de mais prestígio internacional, autor da por muitos conceitos monumental Língua e Estilo de Eça de Queiroz, e duma viçosa obra devotada à nossa comum cultura galego-portuguesa.
Fez os seus estudos universitários em Madrid, onde travou amizade com vultos do galeguismo cultural e político, bem como com outros da cultura espanhola em geral, entre estes o seu amigo Federico García Lorca, com quem conviveu na Residencia de Estudiantes e com quem colaborou na gestação dos famosos Seis poemas galegos lorquianos. Ao estourar a chamada “guerra civil” no 1936, alistou-se como voluntário nas Milícias Galegas, combateu pela legalidade republicana na frente de Toledo, e passou à Seção do Exterior do Servicio de Información Militar, do Ministério da Guerra; enviado a Nova Iorque em missão oficial pouco antes da derrocada da frente do Ebro, teve de ficar ali ao rematar a guerra.
Completou os seus estudos universitários na Columbia University, e chegou a ser catedrático na New York University, onde realizou os trabalhos de pesquisa que culminaram no seu magnum opus, a Língua e Estilo de Eça de Queiroz, pelo que é justamente reconhecido e louvado internacionalmente, e condecorado em Portugal. Ocupa-se da parte galega do Dicionário das Literaturas Portuguesa, Galega e Brasileira. Pronuncia conferências, realiza seminários, colabora em trabalhos de investigação para universidades do Brasil e de Portugal, sempre reclamando, em todo o mundo lusófono, o reconhecimento da Galiza como pertencente a esse mundo, e em toda a parte dizendo, sem pejo, que ele era galego.
Nos anos 1959 e 1963 publica os seus seminais poemários Lua de Além-Mar (o primeiro livro em que um autor galego aposta pelo reintegracionismo linguístico após o chamado Rexurdimento) e Rio de Sonho e Tempo, na editora Galaxia, de Vigo.