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Alfredo Ferreiro representa a Galiza no XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa de Cabo Verde a proposta da AGLP

Ferreiro fundou e mantém a revista digital de artes e letras Palavra comum, que é um foro de diálogo cultural e literário na Galiza, e de contato com os países da Língua Comum Galego-Portuguesa.

 AGLP. 07/09/2024

Alfredo J. Ferreiro Salgueiro participa como escritor qualificado representante da Galiza no XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que se está a celebrar na cidade da Praia, capital de Cabo Verde, entre os dias 5 e 8 de setembro. A sua presença é uma proposta da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). O acontecimento tem como tema geral Literatura, Liberdade, Inclusão. Nas sessões será assinalado o quinto centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões, e o centenário do nascimento de Amílcar Cabral. Na organização estão envolvidas a União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e a Câmara Municipal da Praia. Neste encontro literário internacional participaram em anos anteriores como representantes da Galiza três membros numerários da AGLP: Adela Figueroa, Concha Rousia, e Pedro Casteleiro em 2023.

“Encontrar um território autenticamente próprio”.

“A grande riqueza da Galiza é de carácter imaterial, e nela a língua é um dos seus supremos valores. É por isso que apoiar a língua, de modo a colocá-la num lugar de prestígio, é procurar um futuro para a sua cultura, um futuro que não deixará de minguar se não se tomarem medidas novas que superem as políticas dos atuais, evidenciadas como obsoletas”, afirma Alfredo Ferreiro.

Este autor pertence à associação Do Galego ao Portugués (dgap.gal) que, esclarece, “de uma perspectiva económica e não linguística, defende a proximidade do galego ao português, como um ativo económico alarmantemente desaproveitado. Afinal, só há um caminho que tem sentido: aquele que serve para encontrar um território autenticamente próprio, aquele em que com alegria e fluidez nos sentimos naturalmente inclusos. E desta inclusão, precisamente, é que pretendo falar como escritor galego em Cabo Verde”.

Especialista em meios eletrónicos.

Escritor e crítico, nascido na Corunha em 1969, Alfredo Ferreiro tem estudos de Filologia Hispânica e Teoria da Literatura. É membro da Associaçom Galega da Língua e da Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega. Desde o ano 2006 é assíduo na divulgação da literatura e o pensamento crítico em meios eletrónicos, e destacou por ter codirigido, entre o 2008 e o 2014, a plataforma de blogues em galego Blogaliza. A inícios de 2014 fundou a revista digital de artes e letras Palavra comum, com a colaboração de Táti Mancebo e Ramiro Torres, dirigida ao âmbito lusófono, e que entre 2018 e fevereiro de 2023 contou com a codireção do escritor Tiago Alves Costa. Desde outubro de 2015 é coordenador do Certame Manuel Murguía de Narracións Breves, que promove a Câmara Municipal de Arteijo, bem como de vários clubes de leitura municipais e ateliês de escritura. O seu blogue pessoal foi O levantador de minas desde 2006 a 2023, e agora constitui uma secção da Palavra Comum. É colaborador de Galicia Confidencial.

Entre as distinções na sua trajetória merecem salientar-se, em 1994 o Prémio Nacional de Poesia O Facho, na sua cidade da Corunha; em 2008 recebeu uma menção de honra no Prémio Nacional de Poesia Xosemaria Pérez Parallé, pelo livro Metal central; em 2010 o Prémio Rosalía de Castro de Lingua e Cultura, da Deputación da Corunhapor Blogaliza.org (partilhado com Pedro Silva e Táti Mancebo); ou em 2011 o Prémio ao Melhor Blog Literário da Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega.

“Procurar uma normalidade cultural”.

Ao ser perguntado por como valoriza a participação no XII º Encontro de Escritores de Língua Portuguesa na cidade da Praia (Cabo Verde), Alfredo Ferreiro responde: “É uma honra tamanha e até um sonho feito realidade, participar como representante dos escritores galegos num dos mais consagrados eventos da comunidade lusófona mundial, a que por cultura pertencemos naturalmente. Tenho para mim que todos os galegos, mesmo aqueles que não gostam de exercer como lusógrafos, somos lusófonos, e que por direito histórico a Galiza pode reivindicar-se no mundo como matriz dessa língua que hoje conhecemos como português. Esta perspectiva, alicerçada nos discursos e práticas do galeguismo mais consciente desde o século XIX, teve o seu apogeu na teorização reintegracionista de Carvalho Calero e está a dar seus melhores frutos nas instituições reintegracionistas da atualidade. E isto acontece, infelizmente, à par do incessante declínio da língua galega a que as políticas linguísticas governamentais por dezenas de anos nos têm condenado. Práticas que a maior parte dos escritores entregues ao galeguismo político têm aderido para procurar uma normalidade cultural que, já estamos a ver, nunca vai chegar assim tão fácil. Eu próprio também, em paralelo, andei esse caminho, por isso sei do que estou a falar”.

Palavra Comum, uma “‘agora’ digital e internacional”

A respeito da sua prática de 30 anos publicando como lusófono em Portugal e do facto de manter, desde há dez anos, a revista Palavra Comum. Artes e letras da lua nova (palavracomum.com), em que publica obras de galegos (“com total liberdade gráfica”, sublinha) junto com a de autores do resto da lusofonia, manifesta: “A criação desta ‘ágora’ digital e internacional assenta no meu conceito de tribalismo, tirado da obra que o sociólogo francês Michel Maffesoli publicou a partir da década de 80. Ele fala na chegada de um ‘tempo das tribos’, que não nos obriga a caminhar sob a mesma bandeira para sermos capazes de juntar-nos e trabalhar no que atinge a todos, uma sorte de ‘minifundismo’ social e cultural, que permite respeitar a diferença e à vez potenciar as afinidades em favor do bem comum sem cair no autoritarismo das maiorias sobre as minorias. Acho que a Galiza, tribalista e minifundista como ninguém, oferece uma tradição ancestral neste sentido que devemos aproveitar. E até tenho para mim que os grandes tesouros da grande e antiquíssima civilização que o nosso país tem atrás de si, quer seja celta quer não, são de tipo imaterial, como o Caminho de Santiago e o minifúndio, e quem procurar pirâmides no Courel nunca encontrará os verdadeiros tesouros dessa gloriosa antiguidade”.

Com a Academia Galega da Língua Portuguesa.

Alfredo Ferreiro tem participado nos últimos tempos em eventos da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP). Diz ter amizade com várias pessoas que integram a AGLP “que são grandes vultos da intelectualidade galega e que admiro. No plano institucional, valorizo absolutamente o trabalho que a AGLP está a desenvolver desde há quinze anos; se Espanha beneficia de pertencer, como observador associado, à Comunidade de Países de Língua Portuguesa é graças à iniciativa galega, e esta foi promovida principalmente, até onde eu pude saber, pela Academia Galega da Língua Portuguesa. O seu trabalho nos âmbitos institucional, político e, quase diria, diplomático, foi exemplar desde a sua fundação, e os resultados ficam à vista. Santiago de Compostela é membro, por sua parte, da União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa, instituição que promove este XIIº Encontro de Escritores de Língua Portuguesa em Cabo Verde, e este vínculo compostelano, e portanto galego, foi também proposta e aposta da Academia galega mais internacional”.

 Com a prof. cated. da Univ de Coimbra e crítica literária Rita Marnoto e o secretário-geral da UCCLA Vítor Ramalho

 

  • MAIS INFORMAÇÃO:

XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa na cidade da Praia

PROGRAMA XII EELP 5 A 8 DE SETEMBRO 2024

 

 

15 anos da AGLP. 12 meses de atos públicos. "A arqueolinguística e arqueoantropologia galaica"

18-08-2024

15 anos da AGLP. 12 meses de atos públicos. "A arqueolinguística e arqueoantropologia galaica".

24 de agosto, Pitões das Júnias.

A AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa) foi fundada a finais de 2008 e, portanto, este 2024 corre o seu 15.º aniversário, o qual está sendo celebrado com todo tipo de atividades culturais num percurso pelas mais significativas localidades da Galiza e Portugal. Música, palestras, convívios, recitais, comidas de confraternização e outras atividades, que servem para dar a conhecer a uma sociedade como a galega, que é matriz de uma língua, partilhada com outros dez países espalhados pelos cinco continentes, que figura entre as mais faladas do mundo, entre as mais cultivadas da humanidade e entre as que têm um futuro mais promissor.

Depois de passar por várias localidades, decidimos fazer paragem em Pitões das Júnias, onde fazemos as Jornadas galego-portuguesas cada ano, para completarmos o percurso com umas Jornadas extra, enchendo aquele ano de pandemia em que não pudemos celebrar o nosso encontro anual por razões de força maior e confinamento. Este ano 2024 duplicamos a nossa presença entre maio e agosto, aproveitando a referência do local para galegos e portugueses que desejamos estar juntos mais uma vez. Deste jeito, em maio de 2025 serão as XIV Jornadas e continuaremos enquanto o corpo, as circunstâncias e a climatologia nos permitirem avançar.

Há mais outra razão, mas isso será uma surpresa para quem quiser acompanhar-nos o próximo 24. Se quiserem conhecer a surpresa… venham e poderão desfrutar connosco.

 

Crónica da atividade de julho em Ourense, dentro dos atos da comemoração dos 15 anos da criação da AGLP

17.08.2024 - José Manuel Barbosa

O passado dia 21 de julho, a AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa) organizou em Ourense a atividade correspondente ao mês de julho, dentro da campanha de atos a celebrar durante o ano 2024 com motivo do quinze aniversário da fundação da Academia. A estruturação do evento correu a cargo da Comissão de Cultura da Academia que leva por nome “A Irmandade do Anel” e decorreu nas Burgas e no Montalegre de Ourense, assim como na livraria Re-Read da histórica rua da Paz, da mesma cidade.

O encontro iniciou-se no local das Burgas onde assistiram um total de vinte e oito pessoas que ouviram de Concha Rousia e de Katuro Barbosa uma pequena exposição sobre as origens da cidade naquele mesmo e simbólico lugar das águas quentes, o relacionamento que elas têm com o culto céltico às águas e com a possível relação com o deus Bormânico, o qual poderia partilhar etimologia com Burgas e com o rio Barbanha que passa a escassos metros do ponto de reunião. Da mesma maneira procurou-se uma razão lógica para explicar a sacralidade do Montalegre, em cujo pé estão as Burgas e cuja etimologia relacionaria a “alegria” com a “saúde”, dando pé para vincular, dum ponto de vista da psicologia, o efeito salutífero, com o bem-estar e com a felicidade, segundo a académica Concha Rousia. Este vínculo atingiria, nem só ao mais importante acidente geomorfológico da cidade de Ourense, quanto ao famoso monte raioto que dá nome ao Concelho barrosão do norte de Portugal onde foi achada a figura em pedra do deus Reve Larouco, guardado na igreja de Vilar de Perdizes e custodiado durante muitos anos pelo nosso querido Padre Fontes.


Depois da exposição na que intervieram os assistentes com perguntas, ideias, conclusões e interessantes achegas, a comitiva de assistentes apanhou os carros e se deslocou para o alto do Montalegre onde está o Parque Botânico da cidade de Ourense. Uma vez chegados ali e no recinto da música atuaram o grupo de música semi-improvisado especialmente para este evento, conformado por Xavier Foz (Twistle), Carmel O’LerayDenis O’Toole (Uilleann Pipe) e Irene Veiga (pandeireta) numa atuação em que galegos e irlandeses foram um só corpo musical, evidenciando a unidade substancial dos nossos sons comuns, apesar das particularidades.

Depois da música veio a poesia da mão da académica de número Concha Rousia, que recitou vários poemas da sua autoria e dos que todos desfrutamos sob um magnífico e atípico morno sol de julho do habitualmente cálido Ourense. Assistiram mais de trinta pessoas, entre participantes no roteiro e pessoal visitante do Parque que passava por ali e decidiu ficar para presenciar a atuação músico-poética galaico-irlandesa.
Por volta das 13:30 baixamos do Montalegre e fomos direitinhos para o Restaurante “O Meigalho” situado na Praça do Ferro da cidade velha, onde celebramos uma comida de irmandade todos os assistentes. A refeição, maravilhosa, evidenciou a confraternização de todos os assistentes que desfrutamos com as iguarias servidas com arte pelos responsáveis do local.

Às 16:00 horas e já preparado o espaço da livraria Re-Read, antiga livraria Torga, na Rua da Paz de grata lembrança para todos nós, iniciamos as palestras. O primeiro em abrir as exposições foi o Professor Henrique Egea com o tema intitulado “Identificação da Gallaecia como confim da terra dos vivos entre os romanos”. Nela o interveniente deu a conhecer aqueles tópicos que moveram os romanos a considerar a antiga Gallaecia como lugar de nevoeiro e de mistério, relacionando isto com lugar do Finis Terrae e portanto como limiar entre o mundo dos vivos e dos mortos. Maravilhosa intervenção que deu passo à palestra da etnógrafa, historiadora e secretária da SAGA (Sociedade Antropológica Galega) Ana Durán Penabade, com uma intervenção que levou por título “O fenómeno solar de Cela Nova”, que deu a conhecer ao público assistente o fenómeno equinocial que acontece todos os meses de setembro na Capela de São Miguel de Cela Nova, cuja postas de sol penetram em forma de raios de luz pela janela do edifício pré-românico orientada para ocidente e saem por uma janela posterior situada em linha com a primeira. A interpretação levou-nos a relacionar o posicionamento da capela e das suas janelas com os monumentos megalíticos cujas entradas estavam focadas, também, em direção ao sol poente. Finalmente, a palestra do professor Alberto Lago, a qual levou por título “A organização territorial dos galaicos” deu-nos pistas do ordenamento dos galaicos antes da chegada dos romanos, assim como nos relacionou os diferentes tipos de castros segundo a sua função.  Ao finalizar as palestras abriu-se um turno de perguntas ao que responderam os três palestrantes e no que se abriu um interessante debate sobre alguns pormenores de cada um dos temas dos que se falaram essa tarde.

O ato finalizou, por volta das 20:00 da tarde com um maravilhoso sabor de boca e um desejo de continuar falando no exterior da livraria.

Galeria de imagens, abaixo ↓

Lançamento de “Gotas”, da académica Curra Figueroa Panisse, na Feira do Livro do Porto

O último trabalho da numerária da AGLP, em que dialogam literatura e boas práticas ambientais, foi premiado num certame literário da Galiza e publicado por uma editora portuguesa.

 Adela Figueroa, co se libro no Vello Cárcere. Foto de  VICTORIA RODRÍGUEZ

15.08.2024. AGLP

Para as 16:00 horas do sábado, 24 de agosto, está agendado o lançamento de Gotas, a última obra de Curra Figueroa Panisse, numerária da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), na Feira do Livro do Porto. Será no stand da Convergência (o número 44), no Jardim do Palácio de Cristal. O volume foi publicado pela Novembro, a editora oficial da União de Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA) e teve já um lançamento em Lisboa, para além da difusão na Galiza.

A literatura e promover boas práticas ambientais, atividades centrais na trajetória de Curra Figueroa, dialogam neste trabalho, que foi reconhecido com o Prémio de Teatro infantil O Facho, da cidade da Corunha. Está apresentado em edição bilingue, português e espanhol, e acompanha-se com músicas de Xaquin Facal e desenhos de Celsa Sánchez. O livro contém CD com as músicas. 

Em palavras de Curra Figueroa, quem é também Vogal de mobilidade da Associação para a Defesa Ecológica da Galiza (ADEGA): “Este livro tenta fazer compreender o ciclo da água para crianças a partir de 5 anos a 80 e daí para adiante. Os poluentes que sujam as águas, são os malandros que perseguem as pinguinhas limpas cachoeiras que a oxigenam, onde as gotas choutam e se divertem, as barragens que a estagnam, mas conseguem dar saída ("que alegria, que alegria cambiamos a noite em dia") e fazem que seus movimentos fabriquem eletricidade, o sol que evapora as gotas e as levanta até às nuvens ("Eu sou Heliodoro, o sol mais dourado, aqueço a terra e os prados"). Tudo discorre como um rio até chegar ao mar, onde um marinheiro queija-se da perda de vida das águas e pede ajuda ao público para manter limpas as águas todas da Terra. As pinguinhas cantam, choutam, fogem dos malandros e nos contam sua história através do ciclo da água na Terra. Que é quem sustenta toda a vida como nós a conhecemos”.

Esta obra tem fundamento didático e também lúdico, acrescenta a autora: “É inclusiva, pois os papéis principais vão sempre acompanhados de coros de pingas, de maneira que o grupo possa todo participar. Assim, vai ser incluída como elemento vertebrador da programação nalgum colégio de Lugo e está a ser ensaiada por um grupo de teatro amador desta mesma cidade para ser representada. Penso que o conhecimento é que permite analisar os problemas para procurar e encontrar soluções eficazes dos problemas. Um muito grave a nível mundial é o estado das águas do planeta, incluindo fontes, rios, regatos e mares. Esta obra tenta conscientizar divertindo, para um uso responsável e respeitoso das águas, que são de todo ser vivo e não vivo”. 

Curra Figueroa participa muito ativamente há mais de quatro décadas no movimento do Reintegracionismo da Galiza, que promove una Língua Comum Galego-Portuguesa. Ela tem uma muito volumosa e interessante produção e foi uma das três pessoas (juntamente com Isaac Alonso Estraviz e José Luís Fontenla) que representaram a Galiza no encontro internacional celebrado no ano 1986 no Rio de Janeiro para procurar um novo Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa.

 

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