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Crónica da atividade de julho em Ourense, dentro dos atos da comemoração dos 15 anos da criação da AGLP

17.08.2024 - José Manuel Barbosa

O passado dia 21 de julho, a AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa) organizou em Ourense a atividade correspondente ao mês de julho, dentro da campanha de atos a celebrar durante o ano 2024 com motivo do quinze aniversário da fundação da Academia. A estruturação do evento correu a cargo da Comissão de Cultura da Academia que leva por nome “A Irmandade do Anel” e decorreu nas Burgas e no Montalegre de Ourense, assim como na livraria Re-Read da histórica rua da Paz, da mesma cidade.

O encontro iniciou-se no local das Burgas onde assistiram um total de vinte e oito pessoas que ouviram de Concha Rousia e de Katuro Barbosa uma pequena exposição sobre as origens da cidade naquele mesmo e simbólico lugar das águas quentes, o relacionamento que elas têm com o culto céltico às águas e com a possível relação com o deus Bormânico, o qual poderia partilhar etimologia com Burgas e com o rio Barbanha que passa a escassos metros do ponto de reunião. Da mesma maneira procurou-se uma razão lógica para explicar a sacralidade do Montalegre, em cujo pé estão as Burgas e cuja etimologia relacionaria a “alegria” com a “saúde”, dando pé para vincular, dum ponto de vista da psicologia, o efeito salutífero, com o bem-estar e com a felicidade, segundo a académica Concha Rousia. Este vínculo atingiria, nem só ao mais importante acidente geomorfológico da cidade de Ourense, quanto ao famoso monte raioto que dá nome ao Concelho barrosão do norte de Portugal onde foi achada a figura em pedra do deus Reve Larouco, guardado na igreja de Vilar de Perdizes e custodiado durante muitos anos pelo nosso querido Padre Fontes.


Depois da exposição na que intervieram os assistentes com perguntas, ideias, conclusões e interessantes achegas, a comitiva de assistentes apanhou os carros e se deslocou para o alto do Montalegre onde está o Parque Botânico da cidade de Ourense. Uma vez chegados ali e no recinto da música atuaram o grupo de música semi-improvisado especialmente para este evento, conformado por Xavier Foz (Twistle), Carmel O’LerayDenis O’Toole (Uilleann Pipe) e Irene Veiga (pandeireta) numa atuação em que galegos e irlandeses foram um só corpo musical, evidenciando a unidade substancial dos nossos sons comuns, apesar das particularidades.

Depois da música veio a poesia da mão da académica de número Concha Rousia, que recitou vários poemas da sua autoria e dos que todos desfrutamos sob um magnífico e atípico morno sol de julho do habitualmente cálido Ourense. Assistiram mais de trinta pessoas, entre participantes no roteiro e pessoal visitante do Parque que passava por ali e decidiu ficar para presenciar a atuação músico-poética galaico-irlandesa.
Por volta das 13:30 baixamos do Montalegre e fomos direitinhos para o Restaurante “O Meigalho” situado na Praça do Ferro da cidade velha, onde celebramos uma comida de irmandade todos os assistentes. A refeição, maravilhosa, evidenciou a confraternização de todos os assistentes que desfrutamos com as iguarias servidas com arte pelos responsáveis do local.

Às 16:00 horas e já preparado o espaço da livraria Re-Read, antiga livraria Torga, na Rua da Paz de grata lembrança para todos nós, iniciamos as palestras. O primeiro em abrir as exposições foi o Professor Henrique Egea com o tema intitulado “Identificação da Gallaecia como confim da terra dos vivos entre os romanos”. Nela o interveniente deu a conhecer aqueles tópicos que moveram os romanos a considerar a antiga Gallaecia como lugar de nevoeiro e de mistério, relacionando isto com lugar do Finis Terrae e portanto como limiar entre o mundo dos vivos e dos mortos. Maravilhosa intervenção que deu passo à palestra da etnógrafa, historiadora e secretária da SAGA (Sociedade Antropológica Galega) Ana Durán Penabade, com uma intervenção que levou por título “O fenómeno solar de Cela Nova”, que deu a conhecer ao público assistente o fenómeno equinocial que acontece todos os meses de setembro na Capela de São Miguel de Cela Nova, cuja postas de sol penetram em forma de raios de luz pela janela do edifício pré-românico orientada para ocidente e saem por uma janela posterior situada em linha com a primeira. A interpretação levou-nos a relacionar o posicionamento da capela e das suas janelas com os monumentos megalíticos cujas entradas estavam focadas, também, em direção ao sol poente. Finalmente, a palestra do professor Alberto Lago, a qual levou por título “A organização territorial dos galaicos” deu-nos pistas do ordenamento dos galaicos antes da chegada dos romanos, assim como nos relacionou os diferentes tipos de castros segundo a sua função.  Ao finalizar as palestras abriu-se um turno de perguntas ao que responderam os três palestrantes e no que se abriu um interessante debate sobre alguns pormenores de cada um dos temas dos que se falaram essa tarde.

O ato finalizou, por volta das 20:00 da tarde com um maravilhoso sabor de boca e um desejo de continuar falando no exterior da livraria.

Galeria de imagens, abaixo ↓

Lançamento de “Gotas”, da académica Curra Figueroa Panisse, na Feira do Livro do Porto

O último trabalho da numerária da AGLP, em que dialogam literatura e boas práticas ambientais, foi premiado num certame literário da Galiza e publicado por uma editora portuguesa.

 Adela Figueroa, co se libro no Vello Cárcere. Foto de  VICTORIA RODRÍGUEZ

15.08.2024. AGLP

Para as 16:00 horas do sábado, 24 de agosto, está agendado o lançamento de Gotas, a última obra de Curra Figueroa Panisse, numerária da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), na Feira do Livro do Porto. Será no stand da Convergência (o número 44), no Jardim do Palácio de Cristal. O volume foi publicado pela Novembro, a editora oficial da União de Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA) e teve já um lançamento em Lisboa, para além da difusão na Galiza.

A literatura e promover boas práticas ambientais, atividades centrais na trajetória de Curra Figueroa, dialogam neste trabalho, que foi reconhecido com o Prémio de Teatro infantil O Facho, da cidade da Corunha. Está apresentado em edição bilingue, português e espanhol, e acompanha-se com músicas de Xaquin Facal e desenhos de Celsa Sánchez. O livro contém CD com as músicas. 

Em palavras de Curra Figueroa, quem é também Vogal de mobilidade da Associação para a Defesa Ecológica da Galiza (ADEGA): “Este livro tenta fazer compreender o ciclo da água para crianças a partir de 5 anos a 80 e daí para adiante. Os poluentes que sujam as águas, são os malandros que perseguem as pinguinhas limpas cachoeiras que a oxigenam, onde as gotas choutam e se divertem, as barragens que a estagnam, mas conseguem dar saída ("que alegria, que alegria cambiamos a noite em dia") e fazem que seus movimentos fabriquem eletricidade, o sol que evapora as gotas e as levanta até às nuvens ("Eu sou Heliodoro, o sol mais dourado, aqueço a terra e os prados"). Tudo discorre como um rio até chegar ao mar, onde um marinheiro queija-se da perda de vida das águas e pede ajuda ao público para manter limpas as águas todas da Terra. As pinguinhas cantam, choutam, fogem dos malandros e nos contam sua história através do ciclo da água na Terra. Que é quem sustenta toda a vida como nós a conhecemos”.

Esta obra tem fundamento didático e também lúdico, acrescenta a autora: “É inclusiva, pois os papéis principais vão sempre acompanhados de coros de pingas, de maneira que o grupo possa todo participar. Assim, vai ser incluída como elemento vertebrador da programação nalgum colégio de Lugo e está a ser ensaiada por um grupo de teatro amador desta mesma cidade para ser representada. Penso que o conhecimento é que permite analisar os problemas para procurar e encontrar soluções eficazes dos problemas. Um muito grave a nível mundial é o estado das águas do planeta, incluindo fontes, rios, regatos e mares. Esta obra tenta conscientizar divertindo, para um uso responsável e respeitoso das águas, que são de todo ser vivo e não vivo”. 

Curra Figueroa participa muito ativamente há mais de quatro décadas no movimento do Reintegracionismo da Galiza, que promove una Língua Comum Galego-Portuguesa. Ela tem uma muito volumosa e interessante produção e foi uma das três pessoas (juntamente com Isaac Alonso Estraviz e José Luís Fontenla) que representaram a Galiza no encontro internacional celebrado no ano 1986 no Rio de Janeiro para procurar um novo Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa.

 

AGLP colabora com a Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa (JUPLP) no evento "FALARES NOVOS"

19/07/2024 - AGLP

Neste sábado, 27 de julho, na vila galega de Ponte Vedra, desenvolver-se-á a atividade "Falares Novos", organizada pola JUPLP (Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa) em dois espaços na cidade. É o terceiro evento da JUPLP em território galego e será aberto ao público.

O programa terá começo no edifício de Turismo Rias Baixas, com duas conversas assistidas que juntam pessoas de interesse local com personalidades doutros países na mesma área de trabalho. Mais tarde continuará no Centro Social A Pedreira, onde se realizarão atividades de carácter lúdico, num contexto mais informal. As pessoas que assistirem as distintas atividades terão uma oportunidade de ganhar um livro no sorteio celebrado no final do dia.

A primeira conversa trata as relações internacionais, uma das áreas de trabalho mais populares entre os associados da JUPLP. Nela intervirão Daniel G. Palau, diretor do IGADI e Umaro Seidi, coordenador do departamento de Relações Internacionais da JUPLP.

Seguidamente terá lugar uma conversa sobre o ativismo jovem com Josianny Furtado, coordenadora do departamento de Ambiente e Sustentabilidade e Pablo Abelleira, integrante da Mocidade Galega pola Memoria.

Já no CS a pedreira haverá oportunidade de ter umas risadas na PowerPoint party.

Para terminar haverá os sorteio de livros doados à JUPLP por vários parceiros: a AGAL, a Academia Galega da Língua Portuguesa, o IGADI e outros doadores particulares, entre eles Nee Barros.

A AGLP, Atendendo à solicitude da JUPLP, preparou uma seleção de livros em qualidade de doação, para colaborar com a organização do evento.

⇓⇓⇓ No pdf anexo pode ser consultada a doação de livros feita pola AGLP.

Mais informação:

 

Biblioteca da AGLP incorpora uma importante doação bibliográfica de Carlos Durão

A família deste membro numerário e pioneiro da instituição, falecido em 2023, ofereceu livros e valiosa documentação, epistolário e iconografia


16/07/2024 - AGLP

A Biblioteca da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) incorporou recentemente uma importante doação bibliográfica procedente do espólio de Carlos Durão (Madrid, 1943-Vigo, 2023), após a sua catalogação por Joam Trilho, bibliotecário da instituição. Trata-se de um fundo muito valioso, doado pela sua família para a AGLP, e integrado por livros, documentação diversa, epistolário e iconografia. Carlos Durão foi membro numerário e pioneiro da AGLP, à qual contribuiu desde os inícios e estando entre o grupo de fundadores. Várias pessoas da AGLP acompanharam a sua família num ato celebrado na sua lembrança, o sábado 13 de julho, em Ribadávia.

Carlos Durão e a sua mulher, Pia

A respeito deste contributo bibliográfico, em valoração de Joám Trilho «não há dúvida de que a doação do Carlos enriquece o conteúdo filológico e histórico a respeito da nossa língua, e o conhecimento e o valor da nossa Galiza. Confio que isso também ajudará a desenvolver o difícil labor da nossa Academia».

O conjunto dos materiais doados, que se unem a outros da sua autoria já disponíveis com antecedência nos fundos da AGLP, está integrado por 723 livros, exemplares de 36 revistas diferentes, além de programas de congressos, exposições, festas, boletins, jornais e outra documentação valiosa. Consta assim mesmo de apontamentos e cadernos datilografados e manuscritos, uma pasta com cartas, e fotografias grandes com paisagens e monumentos da Galiza, assinala o bibliotecário da AGLP. Inclui edições de trabalhos próprios, desde 1971; bem como de Fernando Pérez Barreiro-Nolla, Teresa Barro e outras pessoas que colaboraram com ele no Grupo de Trabalho Galego de Londres, cidade onde residiu e exerceu profissionalmente como tradutor.

A relação de livros agora doados, com contribuições de centos de autores, principia com um volume de 1971, de Odón Luís Abad Flores e outros autores; e finaliza com uma tradução de Stefan Zweig, do ano 2008. A maior representação é de trabalhos de José Luís Fontenla, de quem se incluem por volta de 20 títulos, que evidenciam a participação ativa e estreita de Durão nas Irmandades da Fala de Galiza e Portugal. Na continuação há mais de 15 títulos de Ernesto Guerra da Cal, com quem teve um relacionamento pessoal de longa data, sendo também um dos seus principais estudiosos e divulgadores. A par deles, destacam pela quantidade de títulos diferentes, clássicos da Galiza, como Rosalia de Castro, Afonso Daniel Rodríguez Castelao ou Ricardo Carvalho Calero; e mais produtores da Galiza, como Ângelo Brea, António Gil Hernández, Isaac Alonso Estraviz, José Ramom Rodrigues Fernandes, Ramom Otero Pedraio, Álvaro Cunqueiro, Xosé Luís Franco Grande, Neira Vilas, Méndez Ferrin, Martínez Oca, X. Bernárdez Vilar, bem como publicações da Associaçom Galega da Língua, em especial da sua Comissom de Linguística. De Portugal salientam Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Herculano de Carvalho, Manuel Rodrigues Lapa e volumes da Porto Editora.

Entre as revistas merecem ressaltar-se algumas que não são fáceis de conseguir, e que evidenciam o seu interesse por múltiplos aspetos da cultura da Galiza e do movimento do reintegracionismo da língua. Há exemplares e coleções de publicações como O Ensino, Agália, Nós, O Tempo e o Modo, Renovação, Hífen, O Máximo, Folhas de Cibrão, Grial, Adega, Tempos, Terra e Tempo, A Nosa Terra, Escrita, Coordenadas, Carel, Latexo, Galeuzca, Raigame, do anuário da Casa Galicia de Nova Iorque, Anuário de Estudos Medievais ou Colóquio Letras.

 

Carlos Durão pertence ao grupo dos fundadores da AGLP

Martinho Montero Santalha, quem foi o primeiro presidente da AGLP, afirma que Carlos Durão «pertence ao grupo dos fundadores da AGLP, e, em boa medida, também dos promotores da iniciativa. Estávamos em relação havia anos, desde os tempos das “Jornadas do Ensino” e dos começos da AGAL». Dos contatos que mantiveram durante anos lembra Montero Santalha como «um verão, como ele tinha interesse em visitar Santo André de Teixido, levei-o conhecer toda aquela zona, que ele desconhecia. Alguma vez, estando eu em Santiago, tenho-o acompanhado ao aeroporto de Lavacolha quando ele partia de regresso a Londres». Valoriza que «Carlos era já uma figura clássica do galeguismo cultural, respeitada e admirada por toda a intelectualidade galega. Era bem conhecido, e vinha já de anos, o seu longo e abnegado compromisso com a língua da Galiza: com Galaxia primeiro (com Pinheiro, Fernández del Riego, Franco Grande, etc.), bem manifesto nas suas abundantes colaborações na revista Grial. Depois, com o reintegracionismo desde o momento em que começou a organizar-se, com a AGAL e a revista Agália, com a Associação Sócio-Pedagógica e as Jornadas do Ensino, com José Luís Fontenla e as suas múltiplas iniciativas. E em Londres era guia e hospedeiro generoso de visitantes galegos. À sua atitude de compromisso vital com a Galiza mais autêntica, unia-se uma formação cultural amplíssima, nomeadamente no campo das línguas. O seu conhecimento do idioma russo permitiu-lhe traduzir para português alguns formosos textos narrativos da literatura russa (e até traduziu para mim um texto lexicográfico que me interessava). A sua biblioteca, cedida por ele e pela família à AGLP, constitui um bom espelho da sua rica personalidade».

 

Compromisso de serviço constante à sociedade galega e honradez intelectual

Rudesindo Soutelo, quem era presidente da AGLP quando se produziu esta doação bibliográfica, salienta que é um fundo muito valioso. Lembra assim mesmo «a Biblioteca Fontenla já disponível para consulta e catálogo online, para além de uma doação de Martinho Montero Santalha, pendente de catalogação». Rudesindo Soutelo salienta que seria precisa uma investigação sobre o papel de Carlos Durão Rodrigues na cultura galega: «A sua personalidade, o seu compromisso de serviço constante à sociedade galega, junto com a sua capacidade de trabalho e a sua generosidade, deram resultados visíveis, fora de toda dúvida, conseguindo levar para a frente tarefas marcantes na história da cultura galega, e não só no plano cultural». Lembra o seu envolvimento em iniciativas do movimento ecologista galego, como o trabalho de colaboração que desenvolveu com a associação ADEGA em defesa da fossa atlântica situada perto das costas galegas, contra o depósito de bidões de lixo radiativo. Salienta assim mesmo «o acompanhamento de Ernesto Guerra da Cal em Londres, com quem o uniu uma forte amizade. Também em termos de política linguística, na vertente mais específica da decisiva orientação lusófona imprimida por ele nas associações culturais em que participou, nomeadamente as Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, a Associaçom Galega da Língua e mais recentemente a Academia Galega da Língua Portuguesa, de que foi um dos fundadores e dos maiores contribuintes materiais». Refere-se a ele «como um dos principais promotores do reintegracionismo» e que «faz parte necessária e imprescindível da primeira geração de escritores galegos lusófonos, conscientes e praticantes. Da sua competência lexicográfica é boa prova o Vocabulário Ortográfico da Galiza, da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da AGLP. Pela sua profissão como tradutor estava muito habituado à correção de textos. Pelas suas mãos passaram dezenas de artigos para revisão em revistas galegas. O seu contributo oculto também ficou plasmado no Dicionário Estraviz, com quem colaborou de forma continuada e mesmo diária, durante mais de uma década».

Rudesindo Soutelo ressalta a «honradez intelectual» de Carlos Durão, que o levaram a «rejeitar o statu quo imposto com o Decreto Filgueira de 1982, o que implicou ficar marginalizado e esquecido pelos âmbitos da cultura institucionalizada, como muitos outros coetâneos, que não quiseram colaborar com o stablishment isolacionista dententor da ‘verdade’ académica na década de 1980. Mesmo assim manteve a amizade com membros da Real Academia Galega, como Xosé Luís Franco Grande, com quem mantinha contacto cada vez que regressava a Vigo. Sendo homem de compromisso, também aceitou em várias oportunidades colaborar em assuntos oficiais ou para-oficiais, como uma receção no Centro Galego de Londres ao presidente da Xunta de Galicia Manuel Fraga Iribarne. Sentido-se posteriormente utilizado pelos organizadores do ato, escreveu um texto como forma de desabafar, marcante e muito útil para perceber a sua personalidade e o dilema do emigrante: De correctione castraporum».

 

Tinha uma visão clara do futuro da língua, no caminho da lusofonia

Ângelo Cristóvão, quem colaborou com Carlos Durão nas Irmandades da Fala de Galiza e Portugal e os últimos anos na AGLP, afirma que «Se há personalidades que destacam pela sua faceta intelectual, como escritores, outras pelo seu compromisso com a cultura do país, e outras pela sua faceta cívica, Carlos Durão reúne todas estas qualidades, à que se uniu a sua imensa generosidade, uma capacidade de trabalho indiscutível, e uma visão clara do futuro da língua, que só podia ser no caminho da lusofonia. Pertence à geração dos iniciadores do reintegracionismo praticante, viragem da década de 70 para 80, junto de outros destacados intelectuais como José Luís Fontenla Rodrigues ou Ernesto Guerra da Cal, com quem o uniu uma forte amizade e unidade de pensamento num modelo de galego depurado de castelhanismos e inserido no português. Carlos Durão manteve o facho da cultura galega na emigração, em Londres, colaborando com diversas iniciativas culturais, e mantendo um firme compromisso com a cultura galega, a que deu um contributo plasmado numa bibliografia destacada. Galegos de Londres pode ser, talvez, o seu livro mais significativo como romance, e o Vocabulário Ortográfico da Galiza, da AGLP, como a maior prova da sua qualidade como lexicógrafo. Sócio fundador da Academia Galega da Língua Portuguesa, o seu papel entre os notáveis da cultura galega está pendente de estudar e desvendar».

Carlos Durão com Manuel Rodrigues Lapa e Domingos Preto

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